A Bahia figura entre os estados mais violentos do Brasil, com três cidades entre as quatro mais perigosas do país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24). Jequié, Juazeiro e Camaçari ocupam, respectivamente, o segundo, terceiro e quarto lugares no ranking das maiores taxas de mortes violentas intencionais em municípios com mais de 100 mil habitantes. O índice, que soma homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e letalidade policial, expõe a grave crise de segurança pública no estado.
Salvador, a capital baiana, lidera o ranking entre as capitais brasileiras, com uma taxa de 52 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes. Apesar de registrar uma queda de 10,8% em relação a 2023 – de 1.496 para 1.335 casos –, o número ainda é alarmante. A Bahia, como um todo, aparece como o segundo estado mais violento do país, com uma taxa de 37,5 mortes por 100 mil habitantes, atrás apenas do Amapá.
O avanço da violência no estado é atribuído, em grande parte, à disputa entre facções criminosas, conforme aponta o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo Anuário. A presença de grupos como o Comando Vermelho, que também atua em outros estados nordestinos, intensifica conflitos em áreas urbanas e rurais, gerando um clima de insegurança generalizado. Em cidades como Jequié, Juazeiro e Camaçari, a população enfrenta diariamente o medo de confrontos armados e crimes violentos.
Moradores relatam a sensação de abandono. "A gente vive com medo de sair de casa. À noite, as ruas ficam desertas porque ninguém sabe quando vai ter tiroteio", desabafa Maria Santos, comerciante em Camaçari. A cidade, localizada na região metropolitana de Salvador, é um exemplo da escalada da violência, com índices que a colocam entre as mais perigosas do Brasil.
Apesar da redução nacional de 5,4% na taxa de mortes violentas intencionais, que caiu para 20,8 por 100 mil habitantes em 2024 – a menor desde 2012 –, a Bahia segue na contramão desse cenário. Especialistas cobram medidas urgentes, como o fortalecimento das forças de segurança, investimentos em prevenção e políticas públicas voltadas para áreas vulneráveis. "A violência na Bahia é um problema estrutural. Sem ações integradas entre estado e municípios, a situação tende a piorar", alerta o sociólogo Carlos Almeida, especialista em segurança pública.
Enquanto o governo estadual não divulgou um posicionamento oficial sobre os dados do Anuário, a população baiana clama por soluções. A escalada da violência, somada à presença ostensiva de facções, reforça a necessidade de um plano robusto para devolver a tranquilidade ao estado, que hoje vive sob a sombra do medo.
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