No Joá, bairro de alto padrão na Zona Oeste do Rio, a chegada do rapper Oruam trouxe inquietação aos moradores de seu condomínio. A rotina, antes marcada por barulhos de festas até altas horas e rachas de motos e quadriciclos, deu lugar ao temor após frequentes operações policiais. Em ao menos duas ocasiões, agentes estiveram na mansão do cantor, onde encontraram suspeitos ligados a crimes como tráfico de drogas, roubo e associação criminosa. A mais recente, na terça-feira, 22, resultou na prisão de Oruam, que se entregou após confronto com policiais, alvos de pedradas em sua rua.
A mansão de quatro andares, com varandas, vista para o mar e uma torre com elevador, destaca-se na rua de paralelepípedos, delimitada por uma cancela onde um guarda monitora a entrada, sem poder proibir a passagem. A via, cercada por casarões, é tranquila, mas o comportamento do rapper e seus visitantes preocupa. “No primeiro aniversário dele, essa rua aqui estava de dar medo. Teve uma outra ocasião, não faz muito tempo, que ele e seus amigos decidiram fazer uma brincadeirinha com armas de gel. Fiquei apavorada. Só quando chegaram mais perto fui perceber que não era uma invasão, que não era de verdade”, conta uma moradora anônima.
O barulho também era constante. “Desde que ele veio, eram festas madrugada adentro, a gente sem conseguir dormir. Os amigos fazendo pega de moto, quadriciclo. A gente nem deixa as crianças irem para a rua, porque, sei lá, pela velocidade, uma moto dessas pode acabar atropelando…”, relata outra vizinha. Nos últimos meses, os ruídos diminuíram, mas a presença de policiais armados aumentou. Em fevereiro, Yuri Pereira Gonçalves, foragido por organização criminosa e tráfico no Complexo da Penha, base do Comando Vermelho, foi preso na casa de Oruam. A facção era liderada por Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, pai do rapper.
Na terça-feira, 22, a polícia buscava o adolescente “Menor Piu”, de 17 anos, apontado como um dos maiores ladrões de veículos do estado e segurança de Edgar Alves de Andrade, o Doca, líder do CV. Durante confusão na madrugada, na porta da mansão, o jovem fugiu. Na mesma tarde, agentes retornaram para coletar pedras atiradas contra eles e mapear câmeras de segurança, ainda sem acesso às imagens.
“O sentimento é de que o crime é nosso vizinho. Falta pouco para ter uma invasão aqui. Não tem problema nenhum que ninguém venha morar aqui. Mas as pessoas fazem suas escolhas e quem paga é o próximo. São riscos ao nosso direito de ir e vir. É assustador, a cidade já está nas mãos de Deus”, desabafa um morador. A tensão persiste, enquanto o condomínio, outrora pacato, vive sob o impacto das ações de Oruam e seus frequentadores.
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