Transferência provisória de líderes do Comando Vermelho para presídio federal é autorizada após megaoperação no Rio

Ação policial nos complexos da Penha e do Alemão resulta em 64 mortes e retaliações criminosas, motivando mudança no sistema prisional
Por: Brado Jornal 29.out.2025 às 09h59
Transferência provisória de líderes do Comando Vermelho para presídio federal é autorizada após megaoperação no Rio
Cúpula do CV é transferida de presídio — Foto: Reprodução
Em resposta às ações violentas coordenadas por dentro das prisões, dez integrantes de alto escalão do Comando Vermelho (CV), detidos no Complexo de Bangu, foram removidos na noite de terça-feira (28) para a Penitenciária de Bangu 1, unidade de segurança máxima no estado do Rio de Janeiro. A decisão, de caráter temporário, precede a remoção definitiva para unidades federais, conforme autorização concedida pelo governo federal no mesmo dia, atendendo a solicitação do governador Cláudio Castro.

A megaoperação desencadeada nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da cidade, mobilizou mais de 2.500 agentes de segurança e visava desmantelar estruturas estratégicas da facção criminosa. De acordo com o balanço divulgado pelo governo estadual, a ação resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais, tornando-se a mais letal da história do Rio de Janeiro – superando inclusive a operação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 vítimas fatais.

No início da tarde de terça, criminosos retaliaram bloqueando vias importantes na capital e na Região Metropolitana com barricadas de veículos e lixeiras incendiadas, além de ordenar o fechamento de comércios em áreas como o Catumbi. Especialistas em segurança pública destacam que essas respostas foram orquestradas pelos líderes presos, que mantinham comunicação e comando a partir das celas, o que justifica a urgência da transferência.

Na manhã desta quarta-feira (29), residentes da Penha transportaram mais de 60 corpos, localizados em uma área de mata, até uma praça local. Esses óbitos, inicialmente, não integravam o relatório oficial de vítimas da operação, conforme esclarecimento do secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira.

O pedido de transferência, formulado pelo governo do Rio e acatado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na noite de terça, tem como meta principal isolar os detentos em presídios federais distintos, dificultando trocas de informações e enfraquecendo a hierarquia do CV no ambiente carcerário. "Sigo acompanhando de perto esse dia histórico no combate à criminalidade no Rio de Janeiro. Acabo de tomar uma decisão importante para o nosso estado, que vai nos ajudar a definir os próximos passos nessa luta", declarou o governador Cláudio Castro em postagem nas redes sociais.

Entre os transferidos para Bangu 1 está Marco Antonio Pereira Firmino, conhecido como My Thor, apontado como um dos principais articuladores da facção e retratado em imagem exclusiva obtida pela reportagem. A lista completa dos envolvidos inclui:

  • Wagner Teixeira Carlos (Waguinho de Cabo Frio)
  • Rian Maurício Tavares Mota (Da Marinha)
  • Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha)
  • Arnaldo da Silva Dias (Naldinho)
  • Alexander de Jesus Carlos (Choque / Coroa)
  • Leonardo Farinazzo Pampuri (Léo Barrão)
  • Marco Antônio Pereira Firmino (My Thor)
  • Fabrício de Melo de Jesus (Bichinho)
  • Carlos Vinícius Lirio da Silva (Cabeça do Sabão)
  • Eliezer Miranda Joaquim (Criam)
Além da operação inicial, que cumpriu 69 mandados de prisão em 180 endereços e resultou na apreensão de 93 fuzis, autoridades prenderam mais de 80 suspeitos ligados ao CV na terça-feira.

O governo federal, por meio da Polícia Federal, reforça o apoio com 178 ações no estado só em 2025 e disponibiliza R$ 170 milhões em recursos para segurança pública. A medida prisional é vista como estratégica para desarticular comandos remotos de facções, reduzindo episódios de violência urbana, segundo analistas do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).


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