Em resposta às ações violentas coordenadas por dentro das prisões, dez integrantes de alto escalão do Comando Vermelho (CV), detidos no Complexo de Bangu, foram removidos na noite de terça-feira (28) para a Penitenciária de Bangu 1, unidade de segurança máxima no estado do Rio de Janeiro. A decisão, de caráter temporário, precede a remoção definitiva para unidades federais, conforme autorização concedida pelo governo federal no mesmo dia, atendendo a solicitação do governador Cláudio Castro.
A megaoperação desencadeada nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da cidade, mobilizou mais de 2.500 agentes de segurança e visava desmantelar estruturas estratégicas da facção criminosa. De acordo com o balanço divulgado pelo governo estadual, a ação resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais, tornando-se a mais letal da história do Rio de Janeiro – superando inclusive a operação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 vítimas fatais.
No início da tarde de terça, criminosos retaliaram bloqueando vias importantes na capital e na Região Metropolitana com barricadas de veículos e lixeiras incendiadas, além de ordenar o fechamento de comércios em áreas como o Catumbi. Especialistas em segurança pública destacam que essas respostas foram orquestradas pelos líderes presos, que mantinham comunicação e comando a partir das celas, o que justifica a urgência da transferência.
Na manhã desta quarta-feira (29), residentes da Penha transportaram mais de 60 corpos, localizados em uma área de mata, até uma praça local. Esses óbitos, inicialmente, não integravam o relatório oficial de vítimas da operação, conforme esclarecimento do secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira.
O pedido de transferência, formulado pelo governo do Rio e acatado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na noite de terça, tem como meta principal isolar os detentos em presídios federais distintos, dificultando trocas de informações e enfraquecendo a hierarquia do CV no ambiente carcerário. "Sigo acompanhando de perto esse dia histórico no combate à criminalidade no Rio de Janeiro. Acabo de tomar uma decisão importante para o nosso estado, que vai nos ajudar a definir os próximos passos nessa luta", declarou o governador Cláudio Castro em postagem nas redes sociais.
Entre os transferidos para Bangu 1 está Marco Antonio Pereira Firmino, conhecido como My Thor, apontado como um dos principais articuladores da facção e retratado em imagem exclusiva obtida pela reportagem. A lista completa dos envolvidos inclui:
- Wagner Teixeira Carlos (Waguinho de Cabo Frio)
- Rian Maurício Tavares Mota (Da Marinha)
- Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha)
- Arnaldo da Silva Dias (Naldinho)
- Alexander de Jesus Carlos (Choque / Coroa)
- Leonardo Farinazzo Pampuri (Léo Barrão)
- Marco Antônio Pereira Firmino (My Thor)
- Fabrício de Melo de Jesus (Bichinho)
- Carlos Vinícius Lirio da Silva (Cabeça do Sabão)
- Eliezer Miranda Joaquim (Criam)
Além da operação inicial, que cumpriu 69 mandados de prisão em 180 endereços e resultou na apreensão de 93 fuzis, autoridades prenderam mais de 80 suspeitos ligados ao CV na terça-feira.
O governo federal, por meio da Polícia Federal, reforça o apoio com 178 ações no estado só em 2025 e disponibiliza R$ 170 milhões em recursos para segurança pública. A medida prisional é vista como estratégica para desarticular comandos remotos de facções, reduzindo episódios de violência urbana, segundo analistas do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...