A Berkshire Hathaway, liderada por Warren Buffett, finalizou a venda de todas as suas ações na BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos, encerrando uma trajetória de 17 anos que rendeu um lucro próximo de 3.890%. A operação, iniciada em 2008 com a compra de 225 milhões de ações por US$ 230 milhões, chegou a valer US$ 9 bilhões em 2022, impulsionada por uma valorização de 41% no segundo trimestre daquele ano. A decisão, registrada no relatório financeiro do primeiro trimestre de 2025 da subsidiária Berkshire Hathaway Energy, marcou o fim de um dos investimentos mais bem-sucedidos do conglomerado.
A redução da participação começou em 2022, quando a Berkshire passou a se desfazer gradualmente de sua fatia. Em meados de 2024, a holding já havia vendido cerca de 76% das ações, ficando com menos de 5% da BYD, patamar que dispensava a divulgação de novas vendas na bolsa de Hong Kong. O relatório de março de 2025 confirmou que o valor do investimento foi zerado, indicando a saída completa da empresa.
Buffett não explicitou os motivos da venda, mas, em 2023, declarou à imprensa que a BYD é uma “empresa extraordinária” liderada por uma “pessoa extraordinária”. Ainda assim, ele destacou que “encontraria coisas melhores para fazer com o dinheiro”. A decisão ecoa a redução de outra posição da Berkshire, na Taiwan Semiconductor, em 2023, motivada por riscos geopolíticos ligados às tensões entre China e Taiwan. Charlie Munger, ex-vice-presidente da Berkshire falecido em 2023, foi o principal defensor do investimento inicial na BYD, descrevendo o fundador da empresa, Wang Chuanfu, como “um verdadeiro milagre” pelo seu potencial visionário.
A notícia impactou o mercado, com as ações da BYD registrando uma queda de 1,01% na bolsa de Xangai logo após o anúncio. A montadora enfrenta desafios, como a redução de sua meta anual de vendas para 4,6 milhões de veículos, uma diminuição de até 16% em relação à projeção inicial, e uma queda no lucro trimestral, a primeira em três anos e meio. As vendas domésticas, que representam 80% do volume global da empresa, recuaram pelo quarto mês consecutivo em agosto.
Enquanto liquidava sua posição, Buffett reforçou suas críticas à prática de empresas focarem em projeções trimestrais de lucro, que, segundo ele, “distorcem prioridades estratégicas”. O investidor defendeu, mais uma vez, a gestão voltada para o longo prazo, visão que guiou o sucesso do investimento na BYD, iniciado por recomendação de Munger. A operação se consolidou como uma das mais lucrativas da história da Berkshire, reforçando a reputação de Buffett e Munger na identificação de empresas com alto potencial de crescimento.
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