A investigação sobre a fuga de 16 presos do Conjunto Penal de Eunápolis, ocorrida em 12 de dezembro de 2024, revelou indícios de envolvimento da ex-diretora Joneuma Silva Neres, de 33 anos, com a facilitação do episódio. Depoimentos de funcionários e detentos apontam que Joneuma mantinha um relacionamento amoroso com Ednaldo Pereira Souza, conhecido como Dadá, líder da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). Além disso, ela teria favorecido membros do grupo com privilégios, segundo informações obtidas pelo CORREIO e acessadas pela TV Bahia.
Relatos indicam que Joneuma permitia a entrada irregular de itens como roupas, freezers, sanduicheiras e refrigeradores para presos ligados à facção. O ex-coordenador do presídio, Wellington Oliveira, preso em janeiro por suposta cumplicidade, afirmou que a ex-diretora autorizava a entrada da esposa de Dadá sem revista. Ele também mencionou encontros privados entre Joneuma e Dadá, com a porta coberta por papel, o que causava estranheza entre os funcionários.“
As investigações apontam diversas irregularidades no Conjunto Penal, após a direção assumida pela investigada, tais como contato direto e reuniões particulares com detentos chefes de facções criminosas, concessão de certos benefícios e autorização de entrada no presídio sem a devida revista pessoal para algumas pessoas, dentre elas a esposa do atual líder da facção criminosa conhecida como PCE”, escreveu o juiz do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), na sentença que manteve a prisão da ex-gestora, em janeiro.
A defesa de Joneuma, representada pelo advogado Artur Nunes, alega que as ações dela visavam manter a ordem no presídio. “Dentro de uma unidade penal, vive-se de negociação, no sentido de você tentar ao máximo estabelecer a ordem da unidade prisional, evitar problemas, guerras e conflitos entre os presos”, afirmou.
Presos e funcionários também citaram o ex-deputado federal Uldurico Junior, que teria acesso irrestrito a detentos, incluindo Dadá, sem passar por inspeções. Joneuma, que foi presa em janeiro enquanto estava grávida, deu à luz prematuramente, e a criança está com ela no Conjunto Penal de Itabuna. Em abril, ela acionou judicialmente Uldurico, alegando que ele seria o pai do bebê. O advogado do ex-parlamentar declarou: “Uldurico Junior diz não responder a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA”.
As investigações apontam ainda que Joneuma teria recebido R$ 1,5 milhão da facção PCE, com planos de fugir para o Rio de Janeiro, onde o grupo mantém laços com o Comando Vermelho (CV). Seu advogado nega: “Em nenhum momento [ela] recebeu qualquer tipo de valor. Foi requerido a quebra do sigilo bancário, no momento que quiserem, eles têm acesso, porque em nenhum momento qualquer dinheiro vinculado à facção foi recebido por ela”.
Dos 16 detentos que fugiram, 15 permanecem foragidos. Um foi localizado em uma residência em Eunápolis, mas morreu durante a ação policial.
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