A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal do Brasil (RFB) uniram forças à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (31) para executar a oitava etapa da Operação Overclean, visando desmantelar um grupo criminoso acusado de manipular licitações, desviar verbas estatais, praticar atos de corrupção e ocultar ganhos ilícitos. Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a ação incluiu o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens ligados aos suspeitos, realizados em localidades como Brasília (DF), São Paulo (SP), Palmas (TO), Gurupi (TO) e Goiânia (GO).
De acordo com apurações da TV Globo, o cerco desta fase recai sobre irregularidades específicas no Tocantins, onde os alvos teriam atuado na intermediação de propinas oriundas de desvios em emendas parlamentares destinadas a contratos públicos. Entre os principais investigados destacam-se:
- Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário extraordinário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, apontado por suposto direcionamento de convênios e prestação de contas irregulares;
- Éder Martins Fernandes (conhecido como Edinho Fernandes), ex-secretário-executivo de Educação do Tocantins, suspeito de facilitar a liberação indevida de recursos federais;
- Itallo Moreira de Almeida, ex-diretor administrativo da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, envolvido em operações de fraude em processos licitatórios;
- Luiz Cláudio Freire de Souza França, advogado e atual secretário-geral do Podemos, investigado por possível participação na rede de influência política para viabilizar os esquemas.
Não foram expedidos mandados de prisão nesta rodada, mas os nomes sob análise podem enfrentar acusações por associação criminosa, corrupção ativa e passiva, desvio de bens públicos, manipulação de concorrências e contratos administrativos, bem como ocultação de patrimônio.
Lançada em dezembro de 2024, a Operação Overclean surgiu para escrutinar um vasto esquema de corrupção que, segundo a PF, movimentou aproximadamente R$ 1,4 bilhão em recursos, incluindo R$ 825 milhões em acordos firmados com entidades governamentais só no ano de 2024. As apurações iniciais concentraram-se em desvios de emendas parlamentares direcionadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), com ênfase em fraudes relacionadas a emulsões de dedetização e contratos superfaturados via empresas de fachada. Na primeira fase, 16 indivíduos foram detidos nos estados da Bahia, São Paulo e Goiás, totalizando 59 ordens judiciais, das quais 25 executadas em Salvador.
As etapas mais recentes, deflagradas no início de outubro, voltaram-se para figuras políticas baianas. Em 14 de outubro, a sexta fase interceptou o deputado federal Dal Barreto (União Brasil) no Aeroporto Internacional de Salvador, onde agentes apreenderam seu celular. Embora a PF mantenha sigilo sobre as alegações contra ele, reportagens da TV Bahia indicam ligações com alvos prévios da operação. Dois dias depois, em 16 de outubro, a sétima fase resultou no afastamento do prefeito de Riacho de Santana, Dr. João Vítor (PSD), e na prisão do prefeito de Wenceslau Guimarães, Gabriel de Parisio (MDB), por porte ilegal de arma de fogo – este último em meio às buscas em Salvador.
Esta nova ofensiva no Tocantins, conforme fontes da investigação, revela a extensão da rede, com empresários como Alex Parente supostamente beneficiados por contratos fraudulentos, a exemplo de um acordo de R$ 16,9 milhões assinado com a Larclean Saúde Ambiental em 2020 para serviços de dedetização. A operação prossegue com análise de documentos e rastreamento financeiro, sinalizando potencial para desdobramentos em níveis mais elevados da administração pública.
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