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João Roma mantém "silêncio ensurdecedor" sobre os laços do PL baiano com o PT

Desde que assumiu como ministro, e depois pré-candidato ao governo em 2022, nenhum correligionário do PL que mantém relações com o PT ou partidos de esquerda foi expulso do partido
Por: Brado Jornal 18.jun.2024 às 23h15 - Atualizado: 21.jun.2024 às 16h06
João Roma mantém

Eleito em 2022 deputado estadual pelo PL, sendo o mais votado do partido na Bahia, o ex-chefe de gabinete de João Roma, Vitor Azevedo, não esconde de ninguém que apoiou a eleição do governador petista Jerônimo em várias cidades baianas e atualmente continua sendo um deputado a serviço dos interesses da esquerda no estado. Quando Bolsonaro entrou no PL, Roma já estava a frente do partido e escolheu seu chefe de gabinete (Vitor Azevedo) para presidir o partido no estado durante as eleições de 2022. Azevedo dá poucas entrevistas, raramente realiza postagens nas redes, mas não deixa de expor publicamente seu lado político petista, e pasmem, continua amigo pessoal de Roma, do mesmo modo com sua permanência garantida no PL, o partido que afirma “lutar para conter o avanço do PT”. 

Quem acompanha as redes do presidente do PL na Bahia acredita que a esquerda está sendo "massacrada". Em postagem no Instagram do dia 11 de junho, o ex-ministro da cidadania João Roma escreveu na legenda: “Não podemos permitir que o PT avance no nosso estado, deixando um rastro de mazelas que mancham o caminho que a nossa Bahia precisa percorrer rumo ao desenvolvimento econômico e criação de oportunidades”, escreveu Roma. Na imagem, uma foto de João com uma frase, “é preciso agir para conter o avanço do PT no nosso estado nessas eleições”, diz a publicação no Instagram do político. As frases causam impacto e até motivação em vários seguidores que mostram preocupação com os rumos da direita na Bahia e apoiam o ex-ministro chamando-o de “governador” e “líder”, referindo-se à uma possível pré-candidatura de Roma em 2026. Conversas de bastidores dão como certo o desejo eleitoral do presidente do PL estadual de concorrer ao governo e pelo andar da carruagem, a rota da esquerda e do PT baiano tem o mesmo destino: João Roma no comando da “direita” na Bahia para "acertar resultados".

Ex-braço direito de ACM Neto, o pernambucano João Roma nasceu politicamente ao lado do ex-prefeito de Salvador. No final de 2020, durante a pandemia, foi escolhido por Bolsonaro para ser o novo ministro da Cidadania, fato que o levou romper ligações pessoais e políticas com ACM Neto. Segundo relatos dos mais próximos, além de conflitos pessoais que envolvem até família, Neto não queria que Roma ganhasse protagonismo e não aceitou sua ida para o governo federal do ex-presidente. Personagens do gabinete de Bolsonaro em 2020 relataram que Roma já desanimado com Neto e sem muita projeção política no grupo, vislumbrou a oportunidade de ganhar reconhecimento no movimento bolsonarista e tentou aproximação com o ex-presidente. Antes do “projeto bolsonaro”, Roma já tinha criticado a atuação do ex-presidente na pandemia em rádios e sites na capital baiana, e nunca demonstrou qualquer desejo de defender pautas da direita, ao contrário, João seguia cautelosamente a cartilha "netista" na gestão pública. O caso ganhou tanta repercussão que durante as movimentações de Bolsonaro e aliados para consolidar o nome de Roma como novo ministro, a direita baiana tentou alertar Bolsonaro [sem sucesso] e acreditou por muito tempo que o desafeto na verdade não passava de um “teatro” e “estratégia” de Neto para colocar Roma como infiltrado na direita baiana e implodir o movimento conservador que planejava protagonizar uma oposição real as ações da esquerda e apagar a liderança de Neto, que mesmo naquele cenário já estava sendo anulado pela fraqueza política e ações autoritárias e esquerdistas durante a pandemia. Teatro, estratégia ou burrice, atualmente Neto não representa, ou nunca representou, nenhuma oposição real à esquerda: perdeu a eleição para o governo em 2022 e seu ex-aliado [Roma] lidera o mesmo partido do presidente mais popular do Brasil, com dezenas de lideranças petistas de convicção e coração operando tranquilamente. 

Durante programas na Brado, ouvintes de diversos municípios denunciam diariamente que os respectivos diretórios do PL estão controlados por aliados da esquerda que usam a legenda para benefícios pessoais. Roma mantém o silêncio. Desde que assumiu como ministro, e depois pré-candidato ao governo em 2022, nenhum correligionário do PL que mantém relações com o PT ou partidos de esquerda foi expulso do partido. “O que nasceu em 2018 parece que está sendo sabotado e morto. O PL de nossa cidade está sendo liderado por um esquerdista”, afirma um militante bolsonarista do município de Ituberá(BA) que preferiu não se identificar para evitar perseguição local. O cidadão se refere ao caso do presidente do PL no município que tem foto com o senador e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). A indicação do amigo de Wagner, conforme informações, partiu do núcleo estadual do PL.  

O caso de Ituberá não é único, são centenas de casos parecidos no estado. Recentemente, o presidente do PL do município baiano de Coaraci abandonou a pré-campanha a prefeitura para apoiar o candidato do PT na cidade. O presidente do PL de Coaraci também foi escolhido pelo grupo político de Roma e seu deputado estadual favorito, Vitor Azevedo. Em seu perfil do Instagram, aparecem várias fotos ao lado João Roma.  

O caso do PL baiano já é visto por políticos bolsonaristas como “tragédia eleitoral” em 2024. O PL não terá nenhum candidato a prefeito em uma grande cidade do interior baiano, muito menos na região metropolitana de Salvador. Em Porto Seguro, o atual prefeito Jânio Natal, também do PL, é considerado um dos piores gestores da história da cidade. Natal busca sua reeleição com muita dificuldade e sua rejeição só aumenta. Abraçado a uma péssima avaliação, Jânio é amigo de Roma e recentemente escolheu quadros ligados ao MST e ao PT para ocuparem secretarias na prefeitura. 

Essa é a primeira reportagem semanal sobre o PL na Bahia e os laços com petistas. Na próxima semana, outros deputados que mantém ligação ao PT e a "amizade" com José Dirceu. 


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