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Bolsonaro e o "Teatro das Tesouras": entre a oposição e a aliança velada

Ex-presidente convoca ato 'Fora Lula 2026', mas suas articulações nos bastidores reforçam a permanência do petismo no poder
Por: Lorran Lima 17.fev.2025 às 16h14
Bolsonaro e o
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro convocou seus apoiadores para um grande ato contra o governo Lula, intitulado "Fora Lula 2026". O movimento, que tenta se apresentar como uma oposição ferrenha ao atual governo, expõe, na realidade, o verdadeiro posicionamento de Bolsonaro e de sua família: a recusa ao impeachment de Lula.

Nos bastidores, Bolsonaro tem trabalhado para garantir que Lula chegue até o fim do mandato e dispute a reeleição. Esse alinhamento estratégico ficou evidente quando o ex-presidente uniu forças com Lula para apoiar Davi Alcolumbre na presidência do Senado e Hugo Motta na Câmara dos Deputados. Essas articulações mostram que, apesar do discurso público de rivalidade, Bolsonaro tem contribuído para manter a estrutura do petismo no poder.

O apoio bolsonarista a figuras do Centrão e a decisões que favorecem o governo Lula reforçam a tese de que Bolsonaro, longe de ser um adversário implacável do PT, atua nos bastidores para garantir a permanência da esquerda no comando do país. Essa postura não é novidade. Durante seu governo, Bolsonaro tomou diversas decisões que facilitaram a volta de Lula ao poder, seja pela condução desastrosa da pandemia, seja pelas escolhas políticas que minaram a própria direita.

Diante desse cenário, muitos eleitores que acreditavam em Bolsonaro como o grande antagonista do PT agora se perguntam: até que ponto essa rivalidade é real? Para setores mais críticos da direita, o Brasil está assistindo a mais um capítulo do chamado "Teatro das Tesouras", em que os dois polos da política nacional simulam uma guerra enquanto, nos bastidores, colaboram para manter o sistema intacto.

A convocação para o ato "Fora Lula 2026" pode ser apenas mais um passo nesse jogo estratégico, onde Bolsonaro tenta canalizar a insatisfação popular sem, de fato, colocar em risco o governo petista. Essa manifestação do dia 16 de março deveria ser para pedir o impeachment de Lula, mas Bolsonaro não quer isso. Para quem observa de perto, o ex-presidente, hoje, se tornou o melhor amigo do PT.



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