Donald Trump e Jair Bolsonaro, frequentemente comparados por seus estilos populistas e discursos conservadores, apresentam diferenças abissais em suas trajetórias, ações e posturas como líderes. Trump, antes de entrar na política, construiu um império empresarial bilionário, demonstrando coragem ao enfrentar desafios no mundo dos negócios e, posteriormente, na presidência dos Estados Unidos, com decisões ousadas como a retirada do Acordo de Paris e a construção do muro na fronteira com o México. Durante o início da pandemia de Covid-19 em 2020, um dos maiores desafios de seu mandato, Trump manteve sua postura firme, promovendo eventos públicos mesmo após ser infectado, sem exibir vitimismo publicamente — nunca foi visto chorando em discursos ou compartilhando imagens de vulnerabilidade, como em hospitais, projetando uma imagem de força e resiliência.
Por outro lado, Jair Bolsonaro, sem feitos notáveis em sua vida privada antes da política, recorreu frequentemente ao vitimismo. Ele chorava em discursos públicos, como em eventos com apoiadores, e divulgava imagens de si mesmo em camas de hospital após cirurgias relacionadas ao atentado de 2018, buscando empatia. Suas bravatas, como a do 7 de setembro de 2021, quando convocou o povo às ruas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaçou desrespeitar decisões judiciais, revelaram fraqueza ao recuar dias depois. Bolsonaro publicou uma carta de retratação ao ministro Alexandre de Moraes, seu principal algoz no STF, redigida com o auxílio do ex-presidente Michel Temer, em um gesto que expôs sua falta de firmeza diante de adversários.
A incoerência de Bolsonaro também se reflete em suas decisões políticas, que contrariaram o discurso conservador que o elegeu. Durante seu governo, ele sancionou leis de cunho progressista, como a Lei 14.164/2021, que instituiu o programa “Menstruação Sem Tabu” para distribuir absorventes a mulheres em vulnerabilidade, uma pauta associada à esquerda. Além disso, suas indicações ao STF revelam contradições. André Mendonça, nomeado por Bolsonaro em 2021, trabalhou por anos ao lado de Dias Toffoli na Advocacia-Geral da União (AGU), entre 2007 e 2009, quando Toffoli, indicado por Lula ao STF, era chefe do órgão. Mendonça também demonstrou simpatia pelo PT ao longo de sua carreira: em 2002, ele doou para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e publicou um artigo no jornal Folha de Londrina elogiando a vitória de Lula, afirmando que o resultado “enchia os corações do povo de esperanças”. A outra indicação de Bolsonaro ao STF, Kassio Nunes Marques, em 2020, também tem um passado ligado a gestões de esquerda. Antes de chegar ao STF, Nunes Marques foi nomeado por Dilma Rousseff em 2011 para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) e, anteriormente, foi indicado por Lula duas vezes para o Tribunal Regional Eleitoral de Teresina (TRE-PI), além de ter tido cargos influenciados por governadores petistas e de outros partidos, como Wellington Dias, do Piauí, o que gerou críticas de bolsonaristas por sua falta de alinhamento claro com pautas conservadoras.
Enquanto Trump se manteve firme em sua agenda, nomeando juízes conservadores à Suprema Corte americana e promovendo cortes de impostos para empresas, Bolsonaro demonstrou fragilidade e incoerência, nomeando figuras com histórico ligado à esquerda e recuando em momentos de pressão, como na retratação a Moraes. A postura de Trump reflete bravura e consistência, enquanto Bolsonaro, com seu vitimismo e decisões contraditórias, decepciona até os próprios apoiadores, evidenciando a distância entre os dois líderes.
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