Uma denúncia alarmante de um morador de Entre Rios, no litoral norte da Bahia, escancara o colapso da saúde pública municipal sob a gestão do prefeito Manoelito Argolo Júnior (PSD). Segundo o relato, o hospital municipal está recusando atendimento a pacientes que não estejam à beira da morte, devido à falta de pagamento dos médicos, ausência de medicamentos e infraestrutura precária. A situação, que reflete um padrão de negligência administrativa, é agravada por episódios recorrentes de irregularidades na gestão de Argolo, que enfrenta críticas por atrasos em prestações de contas e descaso com serviços essenciais.
A Denúncia: Saúde em Colapso
O morador, em áudio amplamente compartilhado, descreveu a gravidade da crise: “Só chega no hospital se você estiver morrendo ou já morto. Se você chegar sentindo alguma coisa, que não for grave, não vai ser atendido. O médico está sem receber, o prefeito não pagou”. Ele ainda relatou a falta de medicamentos e condições básicas, afirmando que “a saúde está em entregas baratas, a educação também”. A denúncia aponta para uma gestão que abandona a população, deixando pacientes sem assistência e profissionais de saúde desamparados.
A paralisação dos atendimentos não é um fato isolado. A recusa de médicos em atender, motivada por salários atrasados, é um sintoma de uma administração que falha em priorizar o bem-estar dos cidadãos. A Lei nº 13.460/2017 garante o direito a um atendimento digno no SUS, mas em Entre Rios, esse direito parece ignorado. A situação pode configurar violação ética e legal, já que hospitais não podem negar atendimento em casos de urgência, conforme orienta o Ministério Público.
Histórico de Irregularidades
Manoelito Argolo, que assumiu a prefeitura em 2021, coleciona denúncias que reforçam a percepção de má gestão. Embora não haja registros específicos de investigações por atrasos salariais no setor de saúde, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) já apontou irregularidades em sua administração. Em 2019, sob a gestão do ex-prefeito Elízio Simões, as contas de Entre Rios foram rejeitadas por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, com gastos com pessoal acima do limite de 54% e falhas na transparência. Argolo, que sucedeu Simões, não parece ter corrigido essas falhas, como sugere a denúncia atual.
Além disso, o município enfrenta problemas estruturais crônicos. Relatos de moradores indicam que a frota de ambulâncias está sucateada, e unidades de saúde sofrem com desabastecimento de insumos básicos. A falta de investimento em infraestrutura e a incapacidade de manter contratos regulares com fornecedores agravam a crise, deixando a população sem alternativas. A denúncia do morador ecoa casos em outros municípios baianos, como Ananindeua, onde atrasos em repasses financeiros levaram ao fechamento de unidades de saúde.
Padrão de Descaso
Outro episódio que mancha a gestão municipal é a baixa execução orçamentária em áreas prioritárias. Em 2019, Entre Rios aplicou apenas 25,78% da receita em educação e 27,62% em saúde, atendendo ao mínimo exigido, mas sem avanços significativos. Sob Argolo, não há indícios de melhorias, como demonstra o colapso descrito na denúncia. A falta de planejamento e a má alocação de recursos sugerem que o prefeito prioriza outras áreas em detrimento das necessidades básicas da população.
Procurada pela redação, a Prefeitura de Entre Rios não respondeu aos questionamentos sobre os atrasos salariais, a falta de medicamentos e as condições do hospital. O silêncio de Manoelito Argolo diante da gravidade das acusações reforça a percepção de desinteresse e incapacidade administrativa. Enquanto isso, moradores relatam desespero: “É humilhante ser mandado embora do hospital porque o prefeito não paga os médicos. E se meu estado piorar?”, questiona uma residente do bairro central.
Consequências para a População
A crise na saúde tem impactos devastadores. Pacientes com quadros leves ou moderados, que poderiam ser tratados precocemente, são enviados para casa, aumentando o risco de complicações. A sobrecarga em hospitais de cidades vizinhas, como Alagoinhas, evidencia a incapacidade de Entre Rios em atender sua própria demanda. A situação é ainda mais grave para a população de baixa renda, que depende exclusivamente do SUS.
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