Com o término do contrato da Via Bahia, responsável pela administração das rodovias BR-116, BR-324, BA-526 e BA-528, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) assumiu a gestão dessas vias em 15 de maio de 2025. A transição, anunciada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, marcou o que ele chamou de “novo 2 de julho da Bahia”, destacando a saída de uma concessão considerada uma das piores do Brasil. No entanto, a rodovia BR-324, essencial para o estado, apresenta sérios problemas, como buracos, falta de sinalização e acostamentos danificados, gerando transtornos para motoristas e impacto econômico.
Usuários relatam dificuldades diárias. O caminhoneiro Wilson Soares, por exemplo, teve seu veículo danificado ao cair em uma falha no asfalto, precisando recorrer a uma oficina. “A estrada está péssima, cheia de buracos, e pagamos pedágio por nada”, critica. Já o empresário Fernando Neto, de Sapeaçu, no Recôncavo baiano, descreve trechos críticos antes do primeiro pedágio, próximo a Feira de Santana, onde o asfalto ondulado e os buracos prejudicam a condução. Ele lembra de um incidente em que seu pneu ficou preso em um buraco, agravando a situação após chuvas.
O deputado estadual Manuel Rocha (União Brasil), que preside a Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia, aponta que a precariedade da rodovia afeta diretamente o setor produtivo. “A falta de manutenção encarece o transporte de cargas e danifica veículos, atrasando o escoamento da produção agropecuária”, explica. Com a chegada do São João, período de grande movimentação nas estradas baianas, ele cobra do Dnit um plano emergencial para recuperação do asfalto e melhoria da sinalização nos trechos mais críticos.
O fim da concessão da Via Bahia resultou em um acordo indenizatório de R$ 681 milhões com a União, mediado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que encerrou disputas judiciais e administrativas com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A primeira parcela, de R$ 231 milhões, foi paga em 28 de abril, como compensação por investimentos não amortizados. A cobrança de pedágios foi suspensa temporariamente desde 15 de maio e deve permanecer assim até o fim de 2025, quando um novo leilão de concessão está previsto.
Para enfrentar os problemas, o Ministério dos Transportes anunciou melhorias. Na segunda-feira (19.mai.2025), Renan Filho divulgou uma ordem de serviço para obras no contorno de Feira de Santana, na BR-324, que incluirão 7,2 km de duplicação, pistas marginais, quatro passarelas e três viadutos. Além disso, nove contratos emergenciais, totalizando R$ 273,7 milhões, foram assinados para manutenção, operação, supervisão, atendimento médico e remoção de veículos. Um processo licitatório para manutenção regular, com R$ 477 milhões em investimentos, está em andamento, com obras de recuperação asfáltica e drenagem previstas para o segundo semestre.
A BR-101/BA também será contemplada com intervenções, incluindo restauração e duplicação em um trecho de 83,58 km, entre a divisa com Sergipe e a divisa com Espírito Santo. O projeto, executado pelo Consórcio SVC/TOP/PaviService/EGTC, prevê investimentos de R$ 293,4 milhões, visando melhorar a segurança e a trafegabilidade das rodovias baianas.
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