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A ponte Salvador-Itaparica: a eterna mentira petista que Jerônimo tenta ressuscitar

Compromisso, parcerias, inovação, blá-blá-blá. Palavras bonitas, mas onde está a ponte?
Por: Thimoteo Oliveira 30.mai.2025 às 06h29 - Atualizado: 02.jun.2025 às 06h09
A ponte Salvador-Itaparica: a eterna mentira petista que Jerônimo tenta ressuscitar

Mais uma vez, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) pegou carona na comitiva da esperança e foi a Brasília, na terça-feira (28), para uma reunião com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao. Entre os assuntos discutidos, lá estava ela, a mítica Ponte Salvador-Itaparica, a promessa que o PT arrasta desde 2007 como uma novela sem fim, sempre com novos capítulos, mas nunca com um desfecho. Em suas redes sociais, Jerônimo confirmou que a ponte foi tema do encontro, mas, como de costume, detalhes? Nem sinal. “Abordamos o andamento do projeto, mantendo o compromisso de garantir o avanço dessa importante obra para o nosso estado”, disse o governador, em mais um daqueles posts que parecem escritos por um gerador automático de discursos políticos. Compromisso, parcerias, inovação, blá-blá-blá. Palavras bonitas, mas onde está a ponte?

Desde que o PT assumiu o comando da Bahia, há quase duas décadas, a Ponte Salvador-Itaparica virou uma espécie de unicórnio da política baiana: todo mundo já ouviu falar, muitos acreditam que existe, mas ninguém nunca viu. Anunciada com pompa pelo ex-governador Jaques Wagner, que prometeu a entrega para 2013, a obra se transformou em um símbolo da ineficiência petista. De lá para cá, foram anos de reuniões, viagens à China, sondagens, promessas de assinaturas de contratos e, claro, muitas desculpas. Agora, Jerônimo Rodrigues, cuja gestão é alvo de críticas crescentes, parece ter encontrado na ponte uma tábua de salvação para sua popularidade em queda livre. Afinal, nada melhor do que requentar uma promessa antiga para tentar desviar o foco do “já deu” que ecoa na capital e no interior, como apontou o prefeito de Salvador, Bruno Reis.

O encontro com o embaixador chinês é só mais um capítulo dessa saga. Jerônimo, que já viajou à China em maio para “destravar” o projeto, voltou com mais reuniões, mais conversas e zero resultados concretos. Ele se gaba de “fortalecer parcerias estratégicas”, mas o que se vê é um governador que parece mais interessado em posar para fotos ao lado de diplomatas do que em explicar por que, em 2025, a ponte ainda não saiu do papel. Enquanto isso, o consórcio chinês responsável pela obra – formado pelas empresas China Communications Construction Company (CCCC) e China Civil Engineering Construction Corporation (CCECC) – já fez questionamentos que levaram Jerônimo a suspender uma reunião na China, em um episódio que ele mesmo descreveu como “duro”. Será que o consórcio também está cansado de tantas promessas vagas?

E não é só a falta de progresso que irrita. O projeto, que já custou R$ 2 milhões só para gerenciamento, segundo o Diário Oficial do Estado, enfrenta questionamentos sérios. O Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito civil para investigar possíveis impactos ambientais e no patrimônio histórico de Itaparica, enquanto comunidades tradicionais aguardam uma audiência pública para discutir como a obra pode afetá-las. A promotora Cristina Seixas, do MP-BA, já alertou para os impactos na paisagem da Baía de Todos os Santos. Mas Jerônimo? Ele prefere falar em “inovações” e “oportunidades”, como se isso apagasse as preocupações legítimas de quem vive na região.

Enquanto isso, a oposição não perdoa. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, chamou a ponte de “piada” e acusou Jerônimo de fazer “cheiro mole”, lembrando que Wagner garantia a entrega há mais de uma década. Bruno Reis, atual prefeito, foi ainda mais direto: “Não tem como dar certo.” E como dar, se o projeto técnico só deve começar após as sondagens, com pilares previstos para 2026, na melhor das hipóteses? Isso, claro, se não houver mais adiamentos, algo tão comum quanto o sol na Bahia.

Jerônimo, que já enfrentou críticas por declarações polêmicas – como sugerir que opositores fossem “levados para a vala” –, parece apostar na ponte como um trunfo para 2026, quando tentará a reeleição. Mas, a essa altura, o povo baiano já está cansado de discursos grandiloquentes e reuniões internacionais que não levam a nada. A Ponte Salvador-Itaparica, que deveria ser um marco de desenvolvimento, virou um monumento à procrastinação petista. E enquanto Jerônimo posa de estadista em Brasília e na China, a Baía de Todos os Santos segue sem sua ponte, e o povo, sem paciência.



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