Crise prisional, greves políticas e retaliações do PT marcam gestão de Jerônimo

Silêncio e crise no sistema prisional
Por: Brado Jornal 11.jul.2025 às 07h57
Crise prisional, greves políticas e retaliações do PT marcam gestão de Jerônimo
Crédito: Marina Silva/CORREIO
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), mantém um silêncio inquietante diante da grave crise no sistema prisional do estado, agravada pela recente divulgação de detalhes sobre a fuga no presídio de Eunápolis, ocorrida no final do ano passado. O caso, que ganhou projeção nacional, revelou um cenário de regalias, compra de votos e até um romance dentro da unidade, evidenciando que o crime organizado dominava o presídio. A ausência de posicionamento oficial de Jerônimo sobre o caso, somada a três fugas em poucos meses, expõe a deterioração da segurança pública e do sistema carcerário baiano, que enfrenta uma crise sem precedentes.

Pressão sobre o secretário da Seap

A situação do secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), José Castro, indicado pelo MDB, tornou-se insustentável após a fuga registrada no presídio de Teixeira de Freitas e a repercussão do caso de Eunápolis. Fontes do governo apontam que Castro enfrenta forte pressão para renunciar. Interlocutores próximos ao Palácio de Ondina revelam que o próprio Jerônimo expressou a aliados o desejo de demiti-lo, mas hesita para evitar tensões com o MDB, partido aliado.

Greves com motivações políticas

As greves de professores em Salvador e Lauro de Freitas revelam interesses políticos escancarados. Em Salvador, a disputa entre PSOL e PCdoB se intensifica. Denise Souza, esposa do deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), lidera um movimento que usa a greve para fortalecer a candidatura de Coelho nas eleições de 2026, gerando atritos com a APLB, historicamente ligada ao PCdoB. Lideranças da APLB acusam, nos bastidores, o grupo de Denise de tentar usurpar o protagonismo do sindicato. Enquanto isso, pais e alunos da rede municipal sofrem com a paralisação. Em Lauro de Freitas, a situação se repete: dirigentes sindicais, frustrados por não conseguirem manter as regalias da gestão de Moema Gramacho (PT), desafiam ordens judiciais e pressionam professores a aderirem à greve.

Manobras eleitorais no PT

As eleições internas do PT para escolha de presidentes de diretórios locais expuseram práticas pouco democráticas. Em Itabuna, denúncias apontam uso da máquina estatal contra a chapa de Jackson Moreira, presidente do diretório local, que enfrentou a candidata Nina Rosa, apoiada pela cúpula petista. Segundo Moreira, petistas foram demitidos da Biofábrica por não apoiarem Nina, e o secretário de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, teria condicionado um contrato do governo ao apoio à candidata. Nina obteve 1.589 votos contra 124 de Moreira, ligado ao ex-prefeito Geraldo Simões. A derrota é vista como retaliação à recusa de Simões em apoiar a reeleição de Augusto Castro (PSD) em 2024. A condução do processo, liderada por Jaques Wagner, gerou insatisfação entre a militância histórica, que vê a “renovação geracional” como imposição de assessores inexperientes do senador. A candidatura de Jonas Paulo foi interpretada como protesto contra a “tirania disfarçada de democracia interna”.

Prioridades questionáveis

Jerônimo destinou R$ 500 milhões no primeiro semestre de 2025 para patrocinar festas e eventos, enquanto o Planserv, plano de saúde dos servidores públicos, enfrenta um déficit que poderia ser sanado com esse montante. A crise no plano decorre da redução da contribuição estatal, evidenciando escolhas controversas do governador, que parece priorizar o entretenimento em detrimento de serviços essenciais.

Aliados em xeque

O ex-prefeito de Paratinga, Marcel José Carneiro de Carvalho, alvo de operação da Polícia Federal que encontrou R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo, segue abrigado na Secretaria de Relações Institucionais (Serin), apesar da repercussão negativa. A resistência de Jerônimo em dispensá-lo causa constrangimento entre aliados. Já o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) enfrenta dificuldades para 2026, com aliados de 2022 se distanciando após o fraco desempenho eleitoral em 2024, indicando que ele precisará buscar novos parceiros para manter sua relevância política.

Manobras legislativas

Apesar de se apresentar como democrata, Jerônimo adota manobras para evitar análises detalhadas de projetos na Assembleia Legislativa. No último semestre, todos os projetos do Executivo foram enviados em regime de urgência, bypassing comissões técnicas e acelerando votações sem debate. Essa estratégia garantiu a aprovação de R$ 5 bilhões em empréstimos, mas levanta questionamentos sobre a transparência do governo.

Pressão por apoios eleitorais

Na Secretaria de Relações Institucionais, prefeitos em busca de demandas administrativas são pressionados a posar para fotos que sugerem apoio à reeleição de Jerônimo. As imagens, divulgadas nas redes sociais e na imprensa, criam a falsa impressão de adesão eleitoral, gerando críticas de aliados que veem a tática como prematura e prejudicial. A prática reflete a insegurança do governo diante do crescente desejo de mudança na Bahia.


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