Apoiadores de Bolsonaro aguardam novas sanções de Trump contra aliados de Alexandre de Moraes

Decisão de prisão domiciliar do ex-presidente intensifica pressões por medidas dos EUA
Por: Brado Jornal 05.ago.2025 às 07h58 - Atualizado: 05.ago.2025 às 07h59
Apoiadores de Bolsonaro aguardam novas sanções de Trump contra aliados de Alexandre de Moraes
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão na expectativa de que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, amplie sanções contra figuras ligadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a recente prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. A medida, anunciada na última segunda-feira, 4 de agosto de 2025, reacendeu debates sobre as tensões entre o STF e aliados de Bolsonaro, com os Estados Unidos sendo vistos como um potencial contrapeso às decisões judiciais brasileiras.

Na semana passada, Moraes foi alvo de sanções dos EUA com base na Lei Magnitsky, legislação voltada a punir indivíduos acusados de graves violações de direitos humanos. Segundo o secretário de Estado americano, Marco Rubio, Moraes teria cometido abusos ao autorizar detenções preventivas injustas e decisões que, na visão dele, comprometem a liberdade de expressão. "De Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados – incluindo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro," afirmou Rubio, conforme comunicado oficial.

A sanção, aplicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) do Departamento do Tesouro dos EUA, implica o congelamento de eventuais bens de Moraes nos Estados Unidos e pode restringir transações financeiras em dólares com entidades americanas, como o uso de cartões de crédito das bandeiras Mastercard e Visa. No Brasil, os impactos dessas restrições em transações em reais ainda estão sendo avaliados por instituições financeiras.

Aliados de Bolsonaro, como o ex-apresentador Paulo Figueiredo e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acreditam que a prisão domiciliar de Bolsonaro pode acelerar novas sanções, incluindo contra a esposa de Moraes, Viviane Barci. Uma fonte com acesso às negociações em Washington revelou que a inclusão de Viviane na lista de sancionados já estava em discussão antes da decisão de Moraes, mas ainda depende de fundamentação legal e não deve ser imediata. Outros ministros do STF também são mencionados como possíveis alvos, segundo bolsonaristas.

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi ordenada após o ex-presidente descumprir uma determinação judicial ao aparecer em vídeos exibidos durante manifestações no domingo, 3 de agosto. Em um dos eventos, no Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) transmitiu uma ligação com o pai, na qual Bolsonaro declarou: “Obrigado a todos. É pela nossa liberdade, nosso futuro, nosso Brasil. Sempre estaremos juntos.” O vídeo, inicialmente publicado nas redes sociais, foi posteriormente removido por Flávio.

A defesa de Bolsonaro, representada pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser, reagiu à decisão do STF, afirmando que a prisão domiciliar foi uma surpresa e que recorrerá da medida. “O ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida,” diz a nota oficial. “Cabe lembrar que na última decisão constou expressamente que ‘em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos’. Ele seguiu rigorosamente essa determinação.” A defesa acrescentou: “A frase ‘Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos’ não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso.

”O governo Trump, por meio do Escritório para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, publicou uma nota no X condenando a decisão de Moraes. “O ministro Moraes, agora sancionado pelos EUA como violador de direitos humanos, continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!” diz a mensagem. O texto prossegue: “Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem ou colaborarem com condutas sancionadas.

”A expectativa de novas sanções reflete o envolvimento ativo de aliados de Bolsonaro, como Eduardo Bolsonaro, que tem articulado nos EUA medidas contra autoridades do STF. Antes da prisão domiciliar, Figueiredo havia sugerido uma possível trégua por parte dos EUA para avaliar a repercussão das sanções iniciais e o avanço de propostas como a anistia a bolsonaristas. Contudo, a decisão de Moraes intensificou as pressões, frustrando essas expectativas.




📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Preocupação com roubo de blindados pelo crime organizado freia apoio federal ao RJ
Autoridades federais questionam preparo do estado para proteger material bélico, temendo que facções o utilizem em ações violentas nas comunidades
Recursos de Bolsonaro e aliados na trama golpista vão a julgamento no STF a partir de 7 de novembro
Embargos buscam corrigir supostas falhas, mas especialistas veem pouca chance de alteração nas condenações
Kim Kataguiri defende prisão para Bolsonaro e critica blindagem familiar
Deputado do União Brasil planeja novo partido e candidatura em 2026 com visão ideológica renovada
Megaoperação contra avanço do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha resulta em confrontos e prisões
Tiroteios intensos e uso de drones por criminosos marcam fase da Operação Contenção
Trump prioriza China sobre Bolsonaro em diálogo com Lula
Pragmatismo geopolítico redefine alianças na América do Sul
Avaliação do governo Lula mostra desaprovação em 49,2% e aprovação em 47,9%
Tendência de melhora, mas negativos ainda à frente
Carregando..