O governo dos Estados Unidos expressou forte desaprovação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme anunciado em 4 de agosto de 2025. A medida, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi criticada pelo Escritório do Departamento de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, que a classificou como uma ameaça à democracia e à liberdade de expressão.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, o Departamento de Estado afirmou: "O juiz [Alexandre] Moraes, agora um violador de direitos humanos sancionado pelos EUA, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia." A nota acrescentou: "Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta.
"A decisão de Moraes, publicada na segunda-feira (4), justificou a prisão domiciliar com base no "reiterado descumprimento das medidas cautelares" por parte de Bolsonaro. Entre as restrições impostas, o ex-presidente está proibido de receber visitas, exceto de seus advogados ou pessoas autorizadas pelo STF, e de usar celulares, seja diretamente ou por terceiros. Além disso, ele não pode manter contato com embaixadores, aproximar-se de embaixadas ou autoridades estrangeiras, nem utilizar redes sociais, diretamente ou por intermédio de outros.
O episódio que motivou a decisão ocorreu no domingo, 3 de agosto, durante uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) exibiu uma chamada de vídeo com o ex-presidente, descumprindo a proibição de uso de redes sociais. Moraes destacou que tal ato foi uma tentativa de "coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça", apontando que Flávio Bolsonaro apagou o vídeo do Instagram para ocultar a violação.
A controvérsia se intensifica em um contexto de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Recentemente, o governo norte-americano, sob a liderança de Donald Trump, impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes, incluindo a aplicação da Lei Magnitsky, que prevê penalidades por supostas violações de direitos humanos, e a revogação de seu visto. Trump, aliado de Bolsonaro, também anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando o julgamento do ex-presidente como uma "caça às bruxas". O governo brasileiro, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, classificou as sanções como uma interferência "inaceitável" na soberania do país, afirmando que o Judiciário brasileiro opera de forma independente.
Bolsonaro, que enfrenta um processo no STF por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022, nega as acusações e já chamou Moraes de "ditador". A defesa do ex-presidente anunciou que recorrerá da decisão, argumentando que ele não violou nenhuma ordem judicial.
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