Governadores criticam decisão do STF sobre prisão domiciliar de Jair Bolsonaro

Líderes estaduais expressam solidariedade e questionam medida de Alexandre de Moraes
Por: Brado Jornal 05.ago.2025 às 08h29
Governadores criticam decisão do STF sobre prisão domiciliar de Jair Bolsonaro
Foto: Instagram/ Romeu Zema
Sete governadores brasileiros manifestaram críticas à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de determinar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 4 de agosto de 2025. Os chefes dos Executivos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Amazonas expressaram preocupação com a medida, alegando que ela intensifica tensões políticas e levanta questionamentos sobre a condução do processo judicial contra Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado um dos principais aliados de Bolsonaro, publicou um vídeo em suas redes sociais chamando a prisão de “um absurdo”. Ele afirmou que o ex-presidente foi “julgado e condenado muito antes de tudo isso começar” por “uma tentativa de golpe que não aconteceu, um crime que não existiu e acusações que ninguém consegue provar”. Tarcísio também destacou a necessidade de as instituições agirem para reduzir conflitos: “[Já passou da hora de] Acabarem com uma disputa que resulta em soma zero, que mostra incapacidade de resolver e mediar conflitos, que não gera outro efeito senão a perda de confiança”.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, classificou a decisão como “mais um capítulo sombrio na história de perseguição política do STF”, descrevendo-a como “a democracia do silêncio. A democracia do medo”. Já Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, considerou a prisão domiciliar uma “medida extrema” que “acirra tensões políticas”. Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, expressou solidariedade a Bolsonaro, chamando o episódio de “cena triste”.

Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, criticou a condução do processo judicial, afirmando que Bolsonaro “já está condenado” antes mesmo de seu julgamento ser concluído. “Se um cidadão não pode se manifestar publicamente em sua defesa, é porque o veredito está dado. Isso é grave, ainda mais se observarmos um processo que começou errado, quando o STF definiu pelo julgamento do ex-presidente em uma Câmara e não pelo Pleno da Suprema Corte,” disse Caiado.

Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, recebeu a notícia “com desânimo” e questionou a prisão de um ex-presidente por se manifestar antes de um julgamento completo: “Não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte”. Wilson Lima (União Brasil), do Amazonas, também defendeu que Bolsonaro “não deveria ser punido antecipadamente por se manifestar politicamente”.

A decisão de Moraes foi motivada pelo descumprimento de medidas cautelares impostas ao ex-presidente, que está impedido de deixar sua residência em Brasília aos finais de semana. A prisão domiciliar gerou reações não apenas dos governadores, mas também de outros aliados de Bolsonaro, que organizaram manifestações em diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, em 3 de agosto de 2025, para protestar contra o STF e pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. No entanto, a ausência de alguns governadores, como Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho Jr., nesses atos foi notada e criticada por lideranças bolsonaristas, como o pastor Silas Malafaia, que questionou o compromisso desses líderes com a causa.

Tarcísio justificou sua ausência devido a um procedimento médico, enquanto Caiado mencionou discordar do “timing” das manifestações, e Ratinho Jr. alegou compromissos no interior do Paraná.

As manifestações, chamadas de “Reaja Brasil”, reuniram milhares de apoiadores em pelo menos 16 capitais, mas mostraram sinais de menor mobilização em comparação com atos anteriores. Em São Paulo, na Avenida Paulista, cerca de 37,6 mil pessoas participaram, segundo o Monitor do Debate Público do Meio Digital, da USP, um número inferior aos 185 mil de fevereiro de 2024.

Apesar do apoio expresso pelos governadores, suas posturas variam, com alguns buscando equilibrar a defesa de Bolsonaro com uma imagem mais moderada, possivelmente de olho nas eleições de 2026.


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