Em um protesto realizado na terça-feira, 5 de agosto de 2025, parlamentares da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram esparadrapo na boca durante sessão no plenário da Câmara dos Deputados. A manifestação foi uma resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. No Senado, congressistas alinhados a Bolsonaro repetiram o gesto, intensificando as críticas ao magistrado.
Os deputados e senadores acusam Moraes de “abusar do poder” e promover “censura” com suas decisões, que também envolvem medidas contra redes sociais e aliados do ex-presidente. A prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada na segunda-feira, 4 de agosto, foi motivada pelo descumprimento de medidas cautelares, especialmente após sua participação indireta em uma manifestação no Rio de Janeiro no domingo, 3 de agosto.
Pressão por mudanças no Congresso
Além do ato simbólico, a oposição anunciou a obstrução dos trabalhos legislativos no Congresso como forma de retaliação. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), declarou que a bancada buscará pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para pautar o impeachment de Moraes, o fim do foro privilegiado e o projeto de lei da anistia, que segue parado na Câmara. “O objetivo é claro: vamos resistir contra o que consideramos abusos do STF”, afirmou Marinho em conversa com jornalistas.
No Senado, estiveram presentes no protesto os senadores Carlos Portinho (PL-RJ), Izalci Lucas (PL-DF), Magno Malta (PL-ES), Marcos Pontes (PL-SP), Eduardo Girão (Novo-CE) e Jorge Seif (PL-SC), que também usaram esparadrapo na boca como símbolo de protesto.
Detalhes da prisão domiciliar
A decisão de Moraes contra Bolsonaro incluiu a apreensão de seu celular e a proibição de descumprir a prisão domiciliar, sob pena de prisão preventiva. Segundo o ministro, Bolsonaro usou “milícias digitais” e incentivou ataques ao STF, além de preparar material “pré-fabricado” para redes sociais. Moraes também destacou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tentou omitir o descumprimento das cautelares pelo ex-presidente. “Bolsonaro fez Justiça de tola achando que sairia impune”, disse o magistrado na decisão.
A oposição classificou a medida como uma tentativa de silenciar Bolsonaro e seus apoiadores. “Vivemos uma ditadura”, afirmou Flávio Bolsonaro, enquanto aliados de Lula celebraram a decisão, com alguns dizendo “bem feito”. Já críticos apontaram que Bolsonaro teria agido para “se vitimizar” ao descumprir as cautelares.
Reações e contexto
A prisão domiciliar de Bolsonaro marca a quarta vez que um ex-presidente é preso desde a redemocratização do Brasil. A decisão de Moraes não depende de outros ministros do STF, e o magistrado não esclareceu se Bolsonaro poderá conceder entrevistas durante o cumprimento da medida.
Fotos do ato na Câmara e no Senado, registradas por Eduarda Teixeira/Poder360 e fontes do Senado, mostram os parlamentares com esparadrapo na boca, em um gesto que simboliza a percepção de censura. A oposição promete manter a pressão contra o STF, enquanto aliados do governo defendem a atuação de Moraes como necessária para conter ameaças à democracia.
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