O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou planos para reunir líderes dos países do Brics e discutir uma estratégia conjunta em resposta às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.
Em entrevista à Reuters na quarta-feira, 6 de agosto de 2025, Lula declarou: “Planeja uma reunião com líderes dos países dos Brics para debater a possibilidade de uma resposta conjunta às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.” A iniciativa surge após os EUA aplicarem, no mesmo dia, tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como retaliação às investigações do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, descritas por Trump como “caças às bruxas”. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi sancionado pelos EUA por meio da Lei Magnitsky, voltada a punir violações de direitos humanos ou corrupção.
As tarifas afetam cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), impactando produtos como carne e café, embora itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos, peças, fertilizantes e produtos energéticos tenham sido excluídos. Trump também mencionou a possibilidade de uma tarifa adicional de 10% aos membros do Brics, grupo que ele acusou de sustentar “políticas antiamericanas”. O Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e recentemente ampliado para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, representa um PIB conjunto de 24,7 trilhões de dólares, somando os dez parceiros comerciais do grupo.
Em resposta, o Brasil acionou os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) no dia 6 de agosto, contestando as tarifas. Apesar do gesto, a chance de sucesso é reduzida, já que Washington pode rejeitar a consulta, e o órgão de apelação da OMC está paralisado desde 2019 devido ao bloqueio americano à nomeação de juízes. Ainda assim, Lula defendeu a ação como um “gesto simbólico significativo” para reforçar o sistema multilateral de comércio. Na terça-feira, 5 de agosto, o Diário Oficial da União publicou uma resolução autorizando o Ministério das Relações Exteriores a utilizar o mecanismo de solução de controvérsias da OMC, que busca garantir o cumprimento de acordos comerciais.
Países do Brics também se manifestaram. A China, por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou no último mês que “tarifas não devem se tornar ferramentas de coerção, intimidação, ou interferência em assuntos internos de outros países”. Já a Rússia, na voz da porta-voz Maria Zakharova, declarou na segunda-feira que os EUA utilizam tarifas e sanções para “atacar a soberania nacional dos países”, enfatizando que nenhuma “guerra tarifária” ou sanção pode mudar o “curso natural” da história. Nesta quarta, a China reiterou sua rejeição à “interferência externa irracional” em decisões brasileiras, sem citar diretamente os EUA.
Lula também destacou, em outra ocasião, sua posição firme contra as tarifas, afirmando: “Não vou me ‘humilhar’ em ligação para Trump sobre tarifaço.” A articulação com o Brics reflete a tentativa do Brasil de fortalecer sua posição em um cenário de crescente tensão comercial e política internacional.
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