O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, declarou em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em 11 de agosto de 2025, que as recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros refletem interesses econômicos e políticos de Donald Trump, presidente norte-americano. Segundo Amorim, a medida busca desestabilizar o Brasil e fortalecer a extrema direita na América Latina, mas o governo brasileiro está comprometido em proteger a economia e a dignidade nacional.
“Da nossa parte os canais não estão fechados. Sempre estaremos abertos a negociar, mas é preciso que os 2 queiram negociar”, afirmou Amorim. Ele destacou a dificuldade de dialogar com figuras influentes no governo Trump, mas enfatizou que “auto-humilhação para evitar o pior não é atitude correta”. O assessor reforçou que o Brasil resistirá a pressões externas, mantendo sua independência. “Mesmo que vocês façam mal ao Brasil, o Brasil vai resistir, vai continuar a existir e vai continuar sendo independente”, declarou.
Amorim apontou que a decisão de Trump, anunciada em carta a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho, mistura interesses econômicos com políticos. Ele sugeriu que a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que reside nos EUA e mantém contato com a administração republicana, pode estar presente, mas não é o único fator. “Acho que são as duas coisas. Mas não atribuiria todo o poder ao Bolsonaro. Há desejo da extrema direita dos EUA, dirigida por Steve Bannon, de desestabilizar o Brasil”, disse.
O assessor negou qualquer postura antiamericana por parte de Lula, mas criticou a visão de Trump contra o multilateralismo, que, segundo ele, busca dividir o mundo em blocos regionais, tratando a América Latina como “quintal” dos EUA. “Nós não somos o quintal de ninguém, mas para isso temos que diversificar os nossos parceiros”, afirmou, defendendo a ampliação do comércio com Ásia, União Europeia e outros mercados, além de maior integração regional na América Latina.
Sobre o uso de moedas locais em transações internacionais, bandeira do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Amorim afirmou que a redução da dependência do dólar é uma tendência natural em um cenário de enfraquecimento do multilateralismo. “É coisa que vai acontecer, é bom que aconteça. Mas vai acontecer independentemente da vontade dos governantes”, disse, destacando que isso contribuiu para a elevação das tarifas americanas.
Amorim também defendeu a soberania brasileira frente a ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou seus ministros, reforçando que o Brasil não aceitará interferências externas. Ele concluiu que a diversificação de mercados e parcerias é essencial para a independência do país em um cenário global de protecionismo.
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