Alexandre de Moraes confronta advogado em audiência sobre trama golpista

Ministro do STF determina verificação de celular após suspeita de gravação não autorizada
Por: Brado Jornal 15.ago.2025 às 07h52
Alexandre de Moraes confronta advogado em audiência sobre trama golpista
Foto: Gustavo Moreno/STF
Em uma audiência tensa no Supremo Tribunal Federal (STF) em 14 de agosto de 2025, o ministro Alexandre de Moraes se envolveu em um desentendimento com o advogado Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo, defensor do general da reserva Mário Fernandes, durante uma acareação relacionada à trama golpista de 2022. A sessão, que envolveu o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o coronel da reserva Marcelo Câmara, ambos réus no caso, foi marcada por um momento de atrito quando Moraes solicitou que um segurança verificasse o celular do advogado para confirmar se ele estava gravando a audiência, o que era expressamente proibido.

Segundo relatos, o conflito começou quando Marcus Vinicius, após menções de Cid e Câmara ao plano “Punhal Verde e Amarelo” – atribuído a Mário Fernandes e que, segundo a Polícia Federal, planejava o assassinato de autoridades como Moraes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) –, pediu uma questão de ordem. Ele questionou se era possível associar o monitoramento da localização de Moraes, no final de 2022, ao plano do general. Moraes negou o pedido, alegando que não era o momento para intervenções do advogado. Em resposta, Marcus Vinicius insistiu que sua questão fosse registrada em ata, o que irritou o ministro, que afirmou que o advogado “nem sequer faria parte da sessão”.

Diante da tensão, Moraes ordenou que um segurança examinasse o celular de Marcus Vinicius para verificar se a audiência estava sendo gravada. O advogado entregou o aparelho, informou a senha e, exaltado, exigiu respeito. Moraes, por sua vez, também pediu respeito. Ao final, o ministro registrou a negativa da questão de ordem na ata, e Marcus Vinicius deixou a sala sem comentar o ocorrido. Tanto Moraes, por meio da assessoria do STF, quanto o advogado optaram por não se pronunciar sobre o episódio.

Acusações e desdobramentos da trama golpista

Mário Fernandes, ex-assessor do Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro, está preso, acusado de ser o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”. Ele nega qualquer intenção de executá-lo, classificando-o como um “pensamento digitalizado”. Durante a acareação, a defesa de Marcelo Câmara, representada pelo advogado Luiz Eduardo Kuntz, afirmou que o monitoramento de Moraes em 2022 foi ordenado por Bolsonaro e não tinha relação com o plano citado. “A defesa do réu Marcelo Câmara solicitou que fosse esclarecido que, em relação ao segundo monitoramento no final de dezembro, não há nenhuma relação com a citada operação ‘Punhal Verde e Amarelo’”, declarou Kuntz.

Mauro Cid revelou ter repassado a Câmara dois pedidos de monitoramento de Moraes. O primeiro, entre 16 e 22 de dezembro de 2022, teria partido do major Rafael de Oliveira, apontado pela Procuradoria-Geral da República como um dos idealizadores do plano de assassinato de autoridades. O segundo pedido, segundo Cid, veio diretamente de Bolsonaro, que suspeitava de reuniões entre Moraes e o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) em São Paulo. “Porque a segunda [ordem de monitoramento] tinha a ver diretamente com o presidente. O que ia acontecer com o presidente, possivelmente, o coronel Câmara estava sabendo”, afirmou Cid.

Câmara, por sua vez, negou ter realizado qualquer monitoramento e disse que apenas respondeu a perguntas de Cid sobre Moraes. “Eu não fiz monitoramento. Mas, mesmo assim, se alguém quiser insistir ainda em falar que eu fiz monitoramento, ele não era usado para nenhum meio ilícito, nenhuma ilegalidade”, declarou. Cid corroborou, afirmando não ter certeza se Câmara conhecia o plano “Punhal Verde e Amarelo” ou a chamada minuta do golpe, documento supostamente apresentado a Bolsonaro pelo ex-assessor Filipe Martins.

Contexto adicional: sanções e tensões internacionais

A atuação de Alexandre de Moraes tem gerado controvérsias além do caso da trama golpista. Em 30 de julho de 2025, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra Moraes, acusando-o de abusos de direitos humanos e censura, incluindo detenções arbitrárias e supressão da liberdade de expressão. As sanções, aplicadas sob a Lei Global Magnitsky, bloqueiam quaisquer bens de Moraes nos EUA e foram motivadas, em parte, pela condução de processos contra Jair Bolsonaro, aliado do ex-presidente americano Donald Trump. O Tesouro americano criticou Moraes por “uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e processos politizados”.

Além disso, a Trump Media e a plataforma Rumble, sediada na Flórida, moveram uma ação contra Moraes em um tribunal americano, alegando que suas ordens para suspender contas em redes sociais, como a do blogueiro Allan dos Santos, violam a soberania dos EUA e configuram abusos. A Advocacia-Geral da União (AGU) está acompanhando o caso a pedido do STF, preparando a defesa do ministro. Essas tensões refletem um embate diplomático crescente entre Brasil e Estados Unidos, agravado pela decisão de Moraes de bloquear temporariamente a plataforma X no Brasil em 2024, medida que também gerou críticas de figuras como Elon Musk.


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