O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), tem enfrentado momentos de tensão em sua gestão, com episódios que geram desconforto entre assessores e aliados. Suas falas em entrevistas têm gerado memes e críticas, enquanto questões como segurança pública, saúde, educação e promessas não cumpridas, como a reconstrução de casas no sul do estado, intensificam o desgaste político. Além disso, articulações políticas envolvendo aliados e mudanças em cargos públicos têm gerado divisões na base governista.
Polêmicas em entrevistas e crise na segurança pública
Jerônimo Rodrigues tem causado apreensão entre seus assessores em aparições públicas. Em Guanambi, durante uma entrevista coletiva, o governador se irritou ao ser questionado sobre problemas na saúde e educação, afirmando que “vai ter fila na regulação sempre”, contradizendo promessas de campanha de acabar com a espera. Sobre a violência, declarou: “Eu tô sofrendo, tenho noites sem dormir por ver o crime organizado”. Em Salvador, após a repercussão negativa de um vídeo sobre segurança, chegou a um evento visivelmente irritado, o que intensificou as críticas. Um aliado comparou suas entrevistas à personagem Odete, da novela O Clone, dizendo: “No caso de Jero é cada entrevista, um meme”.
A segurança pública segue como um ponto crítico. Em Salvador, tiroteios recentes em áreas como Costa Azul, Avenida Garibaldi e até na turística Barra, onde facções picharam balaustradas, aumentaram a pressão sobre o governador. Durante um evento, Jerônimo desviou críticas, afirmando que a oposição deveria tratar o tema com “respeito e responsabilidade”. A fala gerou reações negativas, com aliados considerando-a um “tiro no pé”, já que ofuscou anúncios de investimentos em segurança e desviou o foco para embates políticos. Na Assembleia Legislativa, apenas o deputado Robinson Almeida (PT) defendeu o governo, pedindo uma questão de ordem para encerrar uma sessão, um expediente incomum para a base governista.
Promessas não cumpridas e tensões regionais
Lideranças do sul e extremo sul da Bahia expressam insatisfação com promessas não cumpridas pelo governo estadual, especialmente na reconstrução de casas destruídas por enchentes. Em Itabuna, o ex-governador Rui Costa prometeu 1.100 casas, mas apenas 80 foram entregues, segundo fontes locais. Cidades como Medeiros Neto, Itanhém e Jucuruçu enfrentam situações semelhantes, com obras abandonadas, o que levou prefeitos a iniciarem construções por conta própria para evitar desgaste político. Órgãos de controle já investigam as intervenções paralisadas.
Articulações políticas e divisões na base
Nos bastidores, Jerônimo enfrenta desafios para manter a coesão de sua base. O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), tem articulado apoios para o deputado estadual Patrick Lopes (Avante), cuja reeleição está ameaçada no partido. A intervenção de Rui irritou parlamentares governistas, que veem a movimentação como desleal. Enquanto isso, um deputado estadual do PP, próximo ao núcleo petista, enfrenta dificuldades para encontrar um novo partido para a reeleição, sendo rejeitado por Avante, PT e legendas menores, que o consideram “pouco confiável”.
A troca de comando no Detran também gerou atritos. O deputado federal Mário Negromonte Jr. articulava a indicação de seu primo Gilvan Lima, mas o deputado estadual Niltinho (PP) consolidou Max Passos para o cargo. A decisão foi vista como uma traição por aliados de Mário, que apoiou Niltinho em 2022. A federação entre PP e União Brasil, partido de ACM Neto, opositor de Jerônimo, complicou ainda mais as articulações.
Nostalgia e críticas internas
O ex-deputado federal Oziel Oliveira, marido da secretária Jusmari Oliveira (PSD), elogiou publicamente a segurança pública na gestão do ex-governador Antonio Carlos Magalhães, contrastando-a com a atual “zona de guerra” na Bahia. Apesar de acompanhar Jerônimo em agendas no oeste do estado, Oziel usou um emoji de palmas em uma postagem no Instagram, sinalizando saudosismo do passado, o que gerou desconforto na base petista.
Resistência de prefeitos
O prefeito de Conceição do Coité, Marcelo Araújo (União Brasil), protagonizou um discurso marcante na Câmara de Vereadores, rejeitando negociar apoio político com Jerônimo em troca de obras. “Eu não me vendo”, afirmou, criticando o governador por supostamente condicionar recursos a alianças políticas. Araújo declarou que não trocará “princípios por uma escola ou pavimentação” e acusou Jerônimo de liderar o estado com “a pior educação e a pior segurança pública do Brasil”. O posicionamento pode inspirar outros prefeitos insatisfeitos com o governo.
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