A Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou, na última sexta-feira (22 de agosto), Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por vazar conversas sigilosas entre servidores do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE. O ministro do STF solicitou ao Ministério da Justiça a extradição de Tagliaferro, que deixou o Brasil rumo à Itália, onde reside atualmente, após sua demissão decorrente das investigações sobre o caso.
Tagliaferro, que atuava como chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, é acusado de crimes como violação de sigilo funcional, obstrução de investigação sobre organização criminosa, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. As mensagens vazadas, publicadas pela *Folha de S.Paulo* em agosto de 2024, envolviam pedidos de Moraes para a elaboração de relatórios sobre alvos de inquéritos relacionados a ataques ao STF e à disseminação de desinformação contra seus ministros.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o vazamento teve como propósito abalar a credibilidade e a imparcialidade do STF e do TSE. Em mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) a partir de um celular apreendido de Tagliaferro, ele admite ter conversado com a *Folha*, afirmando que o jornal investigava Moraes e que o jornalista responsável “detonava o ministro”. Tagliaferro também declarou que não seria identificado.
A denúncia da PGR aponta que o ex-assessor tentou atrapalhar as investigações ao levantar suspeitas sobre a Polícia Civil de São Paulo, alegando que entregou seu celular desbloqueado em um caso de violência doméstica. Para Gonet, essa foi uma manobra para desviar o foco das apurações.
Além disso, Tagliaferro ameaçou divulgar mais informações sigilosas em uma entrevista concedida em julho de 2025 ao blogueiro Allan dos Santos, também investigado por ataques ao Supremo. Na ocasião, ele afirmou ter “bastante coisa” e sugeriu a existência de práticas fraudulentas na atuação de Moraes contra figuras de direita. Gonet classificou a entrevista como evidência de que Tagliaferro integra uma organização criminosa voltada a desestabilizar as instituições brasileiras, especialmente a Justiça Eleitoral.
O pedido de extradição, já encaminhado ao Itamaraty, reflete a gravidade das acusações. Segundo Gonet, o vazamento e as declarações públicas de Tagliaferro visam incitar atos antidemocráticos e minar a confiança nas instituições republicanas.
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