Ex-presidente Alejandro Toledo recebe nova condenação por corrupção no caso Odebrecht

Sentença de 13 anos por lavagem de dinheiro se soma à pena anterior de 20 anos, marcando mais um capítulo do escândalo que abalou o Peru
Por: Brado Jornal 05.set.2025 às 08h53
Ex-presidente Alejandro Toledo recebe nova condenação por corrupção no caso Odebrecht
(Foto: Gerardo Marin/Reuters)
Alejandro Toledo, ex-presidente do Peru entre 2001 e 2006, foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, em um caso vinculado à construtora brasileira Odebrecht, hoje chamada Novonor. A sentença, anunciada em 3 de setembro de 2025, é a segunda punição imposta ao político de 79 anos, que já havia recebido, em outubro de 2024, uma pena de 20 anos e seis meses por corrupção e recebimento de propinas. As duas condenações serão cumpridas de forma simultânea no presídio de Barbadillo, em Lima, onde outros ex-presidentes peruanos também estão detidos.

De acordo com a promotoria, Toledo utilizou US$ 5,1 milhões provenientes de propinas da Odebrecht para adquirir propriedades de alto valor em um bairro nobre de Lima. O dinheiro, segundo as investigações, foi canalizado por meio de uma empresa offshore criada por Toledo em Costa Rica para ocultar a origem ilícita dos recursos. “Toledo e sua esposa usaram os fundos para comprar uma casa e um escritório, além de quitar hipotecas de duas outras propriedades”, afirmaram os promotores. A decisão foi proferida pela juíza Josefa Izaga, que destacou a gravidade dos crimes cometidos.

Anteriormente, a condenação de outubro de 2024 apontou que Toledo aceitou até US$ 35 milhões em subornos da Odebrecht em troca de contratos para a construção de trechos da Rodovia Interoceânica, que liga o sul do Peru à região amazônica do Brasil. O projeto, inicialmente orçado em US$ 507 milhões, custou ao país US$ 1,25 bilhão, levantando suspeitas de superfaturamento. “O julgamento demonstrou que Toledo Manrique conspirou com partes interessadas, como a Odebrecht, para que, mediante propina de US$ 35 milhões, a empresa brasileira obtivesse o contrato para construir os trechos 2 e 3 da Rodovia Interoceânica, causando prejuízo ao Estado”, declarou o comunicado do Judiciário peruano.

Toledo, que negou as acusações de lavagem de dinheiro e conluio durante o julgamento de um ano, foi extraditado dos Estados Unidos em abril de 2023, após ser preso em 2019 na Califórnia, onde vivia desde 2016 como pesquisador visitante na Universidade de Stanford, sua alma mater. Inicialmente detido em confinamento solitário, ele foi transferido para prisão domiciliar em 2020 devido à pandemia de Covid-19 e problemas de saúde mental. Em 2023, após uma corte de apelação rejeitar seu recurso contra a extradição, ele se entregou às autoridades peruanas.

O caso Odebrecht, parte do escândalo conhecido como “Lava Jato”, revelou um esquema de corrupção que envolveu o pagamento de centenas de milhões de dólares em propinas para assegurar contratos de obras públicas em diversos países da América Latina. No Peru, além de Toledo, outros ex-presidentes, como Ollanta Humala, condenado a 15 anos por lavagem de dinheiro, e Pedro Pablo Kuczynski, que enfrenta julgamento, foram implicados. O ex-presidente Alan García cometeu suicídio em 2019, quando a polícia tentou prendê-lo em conexão com o caso. A Odebrecht admitiu, em 2016, perante autoridades americanas, ter pago cerca de US$ 800 milhões em subornos em 12 países, o que levou a investigações em nações como México, Guatemala e Equador.

O julgamento de Toledo contou com testemunhos cruciais, como o de Jorge Barata, ex-executivo da Odebrecht no Peru, que detalhou os pagamentos ao ex-presidente, e de Josef Maiman, antigo colaborador de Toledo, que confirmou o recebimento de propinas. Durante a sentença de 2024, a juíza Inés Rojas criticou Toledo, afirmando que os peruanos “confiaram” nele como presidente, responsável por “gerir as finanças públicas” e “proteger os recursos do Estado”. “Toledo tinha o dever de agir com absoluta neutralidade, proteger e preservar os bens do Estado, evitando seu abuso ou exploração”, disse Rojas, destacando o impacto da corrupção no país.

Aos 79 anos, Toledo, que também possui formação pela Universidade de San Francisco, segue detido em uma prisão especial em Lima, projetada para abrigar ex-presidentes. Sua trajetória, de um jovem que engraxava sapatos a um economista renomado e líder político, contrasta com as acusações que o colocam como uma figura central em um dos maiores escândalos de corrupção da América Latina.


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