Um frentista de 20 anos, residente em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, chamado João Carlos da Silva, chocou sua família tradicionalmente apoiadora de candidatos do PT ao surgir em 2022 com o nome "Bolsonaro" gravado na testa, bem no auge da campanha eleitoral presidencial. Vindo de uma aposta impulsiva com amigos e motivado pela busca de popularidade online, o rapaz viu o plano desandar rapidamente, culminando na remoção da tatuagem após meses de procedimentos dolorosos e dispendiosos.
Tudo partiu de uma conversa descontraída no estúdio Leo CABERNA Tattoo, gerido por Leandro Sousa, 35, um conhecido próximo de João no mesmo bairro. O que se pretendia como uma jogada de marketing para explodir nas redes sociais virou uma decisão precipitada. "O tatuador é meu amigo, a gente sempre tentava fazer um marketing para poder viralizar. Fiz isso por seguidores. Um dia ele me desafiou a fazer essa tatuagem, que me daria R$ 1.000 e fizemos", explica o jovem.
Contrariando as expectativas de ganhos em curtidas e visualizações, o vídeo da tatuagem não rendeu o impacto desejado. "Eu fiz para ganhar seguidores, mas o tatuador esqueceu de colocar o meu arroba e o dele no vídeo. Então, acabou que nós dois não ganhamos nada. Ele não me cobrou, fez a tatuagem no 0800 [de graça]", relata João. A sessão, que durou cerca de 30 minutos, gerou pânico imediato. "Eu tive medo demais, mas no final deu tudo certo. [...] E claro que me arrependi, porque foi na testa. Foi sinistro", admite ele.
A reação familiar foi intensa assim que a notícia se espalhou. "Meu pai viu a reportagem na TV e me ligou pra saber se era verdade. Falou demais. Minha mãe quase me bateu quando cheguei em casa. Mas no final ficou tudo tranquilo. Foi só uma besteira de adolescente", descreve João Carlos da Silva, 20, frentista.
O episódio ganhou tração nas mídias sociais, atraindo até comentários do ator Bruno Gagliasso. Em um vídeo da época, o artista reagiu com espanto: "P** que pariu. Que idiota! kkkkkk", postou ele. Posteriormente, os dois se cruzaram de forma inesperada no posto de gasolina onde João trabalha. "O encontro com o Gagliasso foi no trabalho. Ele chegou pra abastecer o carro e não me reconheceu. Daí eu expliquei a situação, e ele ficou super feliz em me ver. Foi ele quem pediu pra tirar uma foto comigo", narra o frentista. Sobre o ocorrido, Gagliasso teria dito pessoalmente: "Ele falou que foi um ato de burrice minha e eu concordo. Mas também disse que não tinha nada contra mim. Ele é bem humilde e sempre me trata bem quando vai no posto".
Eliminar a tatuagem se revelou um processo árduo, estendendo-se por oito meses com 15 a 20 sessões de laser, incluindo pausas para cicatrização. "Gastei R$ 3.900 para tirar, foram umas 15 a 20 sessões. Eu me arrependi desde que fiz, mas nunca tive vergonha de sair de casa", confessa João.
Leandro Sousa corrobora que se tratou de uma provocação leve. "Foi tipo uma brincadeira que a gente fez. Falei para ele que dava R$ 1.000 se ele tivesse coragem de fazer o nome do Bolsonaro na testa. Acho que ele é petista, por isso desafiei. Ele aceitou", conta o tatuador. O montante oferecido visava, na verdade, bancar a reversão, mas o custo real superou em muito. "Os R$ 1.000 eram para ele tirar a tatuagem, mas não deu, porque era mais caro".
Vale destacar que a escolha não refletia convicções ideológicas. "Minha família toda vota no Lula. Eu fiz isso pela brincadeira e para viralizar, não por homenagem nem porque eu voto nele. Nunca votei em nenhum presidente, na época ainda não tinha título de eleitor", esclarece João Carlos da Silva. Seu foco era estritamente a notoriedade digital. "Eu fiz por seguidores e não por dinheiro. Meu sonho é ser reconhecido, sacou? Apesar de ser reconhecido assim ser meio estranho, ainda é viral", enfatiza o rapaz.
Anos depois, João encara o incidente com humor autodepreciativo. "Se eu bater 100 mil seguidores até o meio de 2026, eu tatuo o rosto do Bolsonaro no peito. Pode salvar meu contato aí", brinca ele à reportagem.
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