Lula e Trump discutem tarifas e Venezuela em encontro na Malásia

A reunião teve início às 15h30 (horário local, 4h30 em Brasília) no Centro da Cidade de Kuala Lumpur (KLCC)
Por: Brado Jornal 26.out.2025 às 08h04 - Atualizado: 26.out.2025 às 08h04
Lula e Trump discutem tarifas e Venezuela em encontro na Malásia
© Ricardo Stuckert/PR

Em Kuala Lumpur, na Malásia, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, realizaram uma reunião bilateral neste domingo, às margens da cúpula da Asean, bloco que reúne as principais economias do Sudeste Asiático. O encontro, que durou cerca de 50 minutos, foi descrito como amigável e abordou temas como tarifas comerciais, sanções e a crise na Venezuela. 


A reunião teve início às 15h30 (horário local, 4h30 em Brasília) no Centro da Cidade de Kuala Lumpur (KLCC). Durante os primeiros 10 minutos, Lula e Trump falaram com a imprensa. Questionado sobre a possibilidade de reduzir as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros exportados para os EUA, Trump respondeu: “Vamos negociar por um tempo. Cada um sabe o que quer.” Ele também destacou a honra de estar com Lula e sugeriu que “bons acordos” podem surgir.


Lula, por sua vez, usou as redes sociais para descrever o encontro como “ótimo” e destacou a abordagem franca e construtiva sobre a agenda econômica e comercial bilateral. “Nossas equipes começarão a trabalhar imediatamente para buscar soluções às tarifas e sanções contra autoridades brasileiras”, escreveu o presidente brasileiro, que também participa de um evento com empresários na capital malaia.


O diálogo marcou o primeiro encontro presencial entre os dois líderes desde uma breve conversa na Assembleia Geral da ONU, em setembro. A pauta incluiu as tarifas de 50% impostas pelos EUA às exportações brasileiras e sanções relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, segundo Lula, seguiu o devido processo legal no Brasil. O presidente brasileiro pediu a suspensão das tarifas durante as negociações, enquanto Trump indicou abertura para concessões com o avanço das tratativas.


Além da questão comercial, a crise na Venezuela foi um tema delicado. Lula se posicionou como mediador, defendendo soluções diplomáticas para evitar conflitos na região, especialmente diante da mobilização de embarcações de guerra americanas na costa venezuelana. O Brasil rejeita intervenções estrangeiras, enquanto os EUA pressionam pela queda do regime de Nicolás Maduro. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, Lula reforçou o papel do Brasil como um agente de paz na América Latina.


Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, o Brasil deve agir com cautela na questão venezuelana, evitando oferecer mediação sem que o tema seja levantado por Trump. Já Lucas Martins, especialista em Estudos Globais da Temple University, aponta que a administração Trump vê a América Latina sob a ótica da Guerra Fria, pressionando o Brasil a alinhar-se aos interesses americanos em detrimento de laços com a China.


Quem participou do encontro

Ao lado de Lula, estiveram presentes o ministro Mauro Vieira, o assessor Márcio Elias Rosa, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e o diplomata Audo Faleiro, da equipe de Celso Amorim. Pelo lado americano, acompanharam a reunião o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante do Comércio, Jamieson Greer.


Os presidentes também trocaram convites para visitas oficiais, sinalizando um esforço para fortalecer o diálogo bilateral. A reunião reflete a tentativa de Lula de equilibrar a defesa da soberania regional com a manutenção de uma relação pragmática com os Estados Unidos.



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