A revogação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, com base na Lei Global Magnitsky, consolidou-se como uma das piores derrotas políticas do bolsonarismo nos últimos anos. O recuo, anunciado na última sexta-feira à tarde, expôs ao ridículo a estratégia conduzida por Eduardo Bolsonaro e pelo influenciador Paulo Figueiredo, que durante meses afirmaram, de forma arrogante, que contavam com apoio direto de Donald Trump e que as medidas jamais seriam revertidas.
Mesmo quando esteve formalmente em vigor por meses, a Lei Magnitsky nunca produziu qualquer efeito prático sobre a atuação de Alexandre de Moraes. Ao contrário do que sustentavam Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e outros aliados, o ministro não recuou um milímetro sequer em suas decisões, manteve integralmente sua linha de atuação no Supremo e seguiu conduzindo processos e investigações normalmente. Na prática, a sanção revelou-se mais simbólica do que efetiva, esvaziando o discurso de força propagado pelo bolsonarismo no exterior.
Nos bastidores de Brasília, a avaliação é de que o episódio aprofunda o desgaste do grupo e impacta diretamente a já difícil tentativa de viabilizar a candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente. A derrota virou motivo de piada até entre deputados federais bolsonaristas, muitos dos quais já mantinham reservas em relação a Eduardo Bolsonaro e a Paulo Figueiredo. Entre aliados mais próximos, houve quem comemorasse discretamente o revés, visto como um freio à atuação internacional considerada personalista e irresponsável.
O clima de crise se soma à situação jurídica de Jair Bolsonaro, que, segundo informações, deve ser transferido nos próximos dias da custódia da Polícia Federal para o Complexo Penitenciário da Papudinha, onde continuaria cumprindo pena. O contexto reforça a percepção de enfraquecimento político e institucional do bolsonarismo.
Paralelamente, circula nos meios políticos e diplomáticos um boato ainda não confirmado de que um eventual novo acordo entre os governos Trump e Lula poderia abrir caminho para extradições de brasileiros atualmente no exterior, incluindo nomes considerados “exilados”, como o blogueiro Allan dos Santos. Até o momento, não há qualquer confirmação oficial sobre essa possibilidade.
Allan dos Santos, por sua vez, voltou a chamar atenção dias atrás ao publicar — e posteriormente apagar — comentários considerados extremados e desconectados da realidade. Em uma das mensagens deletadas, afirmou que as sanções da Magnitsky jamais seriam derrubadas e utilizou linguagem ofensiva contra autoridades brasileiras. A publicação foi retirada logo após o anúncio oficial da revogação das medidas, reforçando a percepção de mais um erro de cálculo político.
A soma dos fatores, ineficácia das sanções, derrota internacional, rachas internos, desgaste eleitoral e insegurança jurídica — fortalece a leitura de que a aposta em bravatas, pressão externa e retórica agressiva produziu o efeito inverso, aprofundando o isolamento e a fragilidade do núcleo bolsonarista.
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