Deputados aprovam base do projeto que define gestão do IBS na reforma tributária

Destaques sobre bebidas açucaradas e setor financeiro ainda serão votados nesta terça-feira
Por: Brado Jornal 16.dez.2025 às 09h28
Deputados aprovam base do projeto que define gestão do IBS na reforma tributária
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Os deputados federais deram sinal verde ao texto principal do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/24, que estabelece normas para administração, fiscalização e arrecadação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), além de tratar do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD).

Com 330 votos favoráveis e 104 contrários, o Plenário seguiu o parecer do relator, deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), que incorporou a maior parte das alterações feitas pelo Senado ao projeto originário do Executivo. Os destaques, capazes de modificar trechos específicos, serão analisados na tarde desta terça-feira (16).

Benevides Filho destacou a importância da reforma como uma das maiores mudanças econômicas recentes no país, ao alterar a cobrança e o recolhimento de impostos. "É possível que o PIB aumente, pelo menos, 8% a 10% acima do previsto", avaliou.

De acordo com o relator, a medida harmoniza incentivos, uniformiza interpretações legais e diminui custos embutidos na cadeia produtiva. "A combinação de legislação nacionalmente uniforme com instrumentos tecnológicos e mecanismos de justiça fiscal (cashback) cria condições para maior previsibilidade de caixa aos entes federativos e segurança jurídica aos contribuintes, com efeitos positivos sobre investimento, concorrência e produtividade", disse.

Mauro Benevides Filho acrescentou que a versão retornada do Senado mantém o núcleo essencial do modelo inicialmente aprovado pela Câmara, com melhorias técnicas e operacionais. "Esses ajustes buscam reforçar a coerência entre IBS e CBS, a coordenação federativa, a transparência dos fluxos financeiros e a efetividade do contencioso administrativo", afirmou.O novo tributoInstituído pela reforma tributária, o IBS substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Sua administração ficará a cargo do Comitê Gestor do IBS (CG-IBS), composto por representantes de todos os entes federados, responsável por coordenar arrecadação, fiscalização, cobrança, distribuição de recursos, definição de alíquotas e outras funções.Pontos em votação separadaAlguns temas polêmicos foram separados para análise individual, incluindo:
  • alíquota máxima de 2% para o Imposto Seletivo incidente sobre bebidas açucaradas;
  • critérios de isenção para medicamentos;
  • redução de alíquotas aplicáveis às Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).
Pelo texto aprovado, bebidas vegetais derivadas de cereais, frutas, leguminosas, oleaginosas e tubérculos terão desconto de 60% nas alíquotas dos novos impostos.Benefícios para pessoas com deficiênciaO substitutivo vindo do Senado eleva de R$ 70 mil para R$ 100 mil o limite de valor do veículo que pessoas com deficiência podem adquirir com isenção tributária. O prazo mínimo entre trocas de automóvel com o benefício cai de quatro para três anos.Setor financeiroPara operações financeiras, o texto fixa alíquotas somadas de IBS e CBS entre 2027 e 2033, abandonando cálculos baseados na carga tributária de 2022-2023 (exceto títulos públicos):
  • 10,85% em 2027 e 2028;
  • 11% em 2029;
  • 11,15% em 2030;
  • 11,3% em 2031;
  • 11,5% em 2032;
  • 12,5% em 2033.
Há previsões de descontos durante a transição, caso haja cobrança simultânea com o ISS: 2 pontos percentuais em 2027-2028, caindo gradualmente até 1,2 p.p. em 2032. Administradoras de programas de fidelidade, como milhas aéreas, entram no regime especial do setor.Discussões no PlenárioO deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), relator do primeiro projeto de regulamentação (já convertido na Lei Complementar 214/25), elogiou a iniciativa como estruturante e com impactos sociais e federativos positivos.

Crítico, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), acusou o governo de falta de responsabilidade fiscal.

Luiz Lima (Novo-RJ) alertou para o risco de o Brasil ter o maior IVA global, comparável à Hungria (27%). "Na melhor das hipóteses, vamos nos igualar à Hungria, com 27%. É um tiro no escuro, é ter muita confiança no governo", declarou.

Capitão Alberto Neto (PL-AM) defendeu alíquotas menores para refrigerantes. "Não é justo com o Brasil fazer as pessoas mais humildes pagarem mais caro pelo refrigerante", afirmou.

Túlio Gadêlha (Rede-PE) apoiou o Imposto Seletivo para compensar impactos à saúde. "O Brasil tem 16 milhões de diabéticos e precisa garantir que essas empresas devolvam ao poder público o dano causado para poder investir em saúde e medicamentos", disse.

O relator rejeitou o teto de 2% para o Imposto Seletivo sobre bebidas açucaradas, mas partidos apresentaram destaques para mudar isso.

Adicionais reportagens indicam que o relator removeu o limite de 2% para o Imposto Seletivo sobre bebidas açucaradas (inserido pelo Senado), preservando potencial desestímulo ao consumo prejudicial à saúde, e manteve a criação da Câmara Nacional de Integração do Contencioso Administrativo para uniformizar jurisprudências entre IBS e CBS. A aprovação é vista como essencial para iniciar a fase de testes da reforma em 2026, com o Comitê Gestor tornando-se definitivo.


📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Manifestação contra o PL da Dosimetria atrai milhares em várias capitais
Estimativa aponta para 13,7 mil participantes no pico do ato em São Paulo
Polícia Federal prende desembargador na segunda etapa da Operação Unha e Carne
Rodrigo Bacellar, ex-presidente da Alerj, volta a ser alvo de mandados de busca
Ex-presidente Jair Bolsonaro será submetido a exame pericial na quarta-feira
Moraes determinará autorização para procedimento cirúrgico após análise de peritos da PF
Deputada Carla Zambelli deixa o cargo após decisão do STF
Suplente Adilson Barroso assume vaga na Câmara
Polícia Federal realiza buscas contra deputado por suspeita de corrupção
Operação Igapó investiga organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias e desvio de recursos públicos
STF determina novas diligências em inquérito sobre fraudes no Banco Master
Ministro Dias Toffoli autoriza PF a avançar com depoimentos e quebras de sigilo
Carregando..