O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), anunciou na quarta-feira (4) a abertura de uma investigação para determinar se assessores do ex-presidente Joe Biden (Partido Democrata) esconderam um suposto declínio cognitivo de Biden durante seu mandato. A apuração, ordenada por Trump, foca no uso da chamada autopen, uma caneta automática que reproduz assinaturas em documentos oficiais, e busca esclarecer se ela foi utilizada de forma indevida para decisões atribuídas ao ex-presidente.
Segundo o memorando “Revisando certas ações presidenciais” (PDF – 195 kB), assinado por Trump e divulgado pela Casa Branca, a investigação visa identificar se houve uma “conspiração” para ocultar do público a deterioração da capacidade mental de Biden, especialmente nos dois últimos anos de seu governo. O documento classifica o suposto uso abusivo da autopen como “um dos escândalos mais graves da história americana”. A íntegra do comunicado da Casa Branca (PDF – 186 kB) está disponível online.
Acusações e resposta de Biden
Trump questionou quem de fato exerceu o poder executivo durante a administração Biden, sugerindo que assessores podem ter tomado decisões em nome do ex-presidente. “Quem estava operando aquela caneta automática estava, na prática, agindo como presidente”, declarou Trump, conforme o comunicado oficial. Ele tem usado reportagens recentes da imprensa, como as do jornal digital Politico, para reforçar alegações de que Biden enfrentava limitações cognitivas, algo que o democrata nega veementemente.
Em resposta, Biden rebateu as acusações em nota enviada ao Politico: “Fui eu quem tomou todas as decisões da minha presidência, incluindo indultos, decretos e legislações. Qualquer insinuação contrária é falsa e serve apenas como distração para encobrir as políticas republicanas que cortam programas como o Medicaid e favorecem os mais ricos.” Não há evidências de que assessores de Biden tenham usado a autopen sem sua autorização ou tomado decisões em seu lugar. O Departamento de Justiça considera o uso da caneta automática válido, desde que as decisões partam do presidente.
Foco em indultos e contexto
A investigação, conduzida pelo conselheiro da Casa Branca, David Warrington, e pela chefe do Departamento de Justiça, Pam Bondi, examinará possíveis alterações de vídeos e assinaturas de documentos, com ênfase nos indultos concedidos por Biden. Em dezembro, o ex-presidente emitiu um perdão “total e incondicional” a seu filho, Hunter Biden, alvo de processos judiciais. Trump, que já havia criticado esses indultos em 17 de março na rede Truth Social, classificou-os como “nulos” por supostamente serem assinados com a autopen.
O debate sobre a saúde mental de Biden ganhou força com o livro Original Sin, de Jake Tapper (âncora da CNN) e Alex Thompson (jornalista da Axios), que revelou que assessores da Casa Branca teriam notado sinais de declínio cognitivo do ex-presidente sem tomar medidas. O uso de canetas automáticas, prática comum em administrações anteriores, incluindo as de Barack Obama e do próprio Trump, também foi colocado em xeque pelo republicano como argumento para questionar a legitimidade das ações de Biden.
Implicações políticas
A iniciativa de Trump intensifica as tensões políticas nos EUA, com o presidente acusando os democratas de má gestão enquanto enfrenta críticas por propor cortes em programas sociais para financiar benefícios fiscais a grandes corporações. A investigação pode reacender discussões sobre transparência e responsabilidade no exercício do poder executivo, em um momento de polarização no país.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...