Maduro pede paz em inglês e rejeita 'guerra louca' em meio a tensões com os EUA

Escalada militar americana no Caribe ameaça soberania venezuelana
Por: Brado Jornal 24.out.2025 às 10h58
Maduro pede paz em inglês e rejeita 'guerra louca' em meio a tensões com os EUA
Reprodução
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, proferiu um discurso na noite de quinta-feira (23), exibido pela emissora estatal, onde defendeu veementemente a tranquilidade regional e repudiou qualquer confronto armado, em um momento de acirradas disputas com Washington. Utilizando uma combinação de espanhol e inglês rudimentar, que ele batizou de “língua Tarzania” – uma alusão humorística a uma versão simplificada da fala, inspirada no personagem Tarzan –, Maduro enfatizou sua visão pacifista.

“No à guerra... Sim, paz, para sempre”, proclamou ele, antes de reforçar: “não à guerra dos loucos, não à loucura da guerra”. A declaração ganhou tons mais diretos em inglês, com repetições como “No crazy war, please. Não à guerra louca. No crazy war. A Venezuela quer paz”, e ainda “Not war, not war, not war. Just peace, just peace, just peace, forever, forever”.

Essa intervenção verbal surge em um panorama de crescente confronto, iniciado em agosto, quando os Estados Unidos posicionaram uma frota naval robusta em águas internacionais do Caribe, incluindo contratorpedeiros equipados com mísseis, um submarino nuclear, navios anfíbios com fuzileiros navais, caças F-35 e cerca de 6,5 mil a 10 mil tropas, concentradas em bases como Porto Rico. O objetivo oficial, segundo o governo de Donald Trump, é combater redes de narcotráfico que, alegam, causam 300 mil mortes anuais nos EUA por consumo de entorpecentes.

Desde 2 de setembro, essa presença resultou em nove bombardeios aéreos e navais contra barcos e submersíveis suspeitos de transportar drogas, com dois incidentes no Pacífico Oriental, próximo à costa colombiana. As ações causaram pelo menos 37 mortes entre supostos criminosos, embora Caracas conteste o número e classifique as vítimas como civis inocentes. Trump tem se recusado a divulgar evidências concretas, como volumes de substâncias apreendidas ou provas de ligação com a Venezuela, alimentando acusações de pretexto para interferência.

Na quinta-feira, Trump anunciou planos para expandir as operações a alvos terrestres em nações como a Venezuela, sem declarar guerra formal aos cartéis, mas prometendo consultar o Congresso americano. Ele justificou a legalidade dos bombardeios em alto-mar, afirmando autoridade plena para ações em águas internacionais. Maduro, por sua vez, desmentiu qualquer conivência de seu regime com o tráfico e tachou as incursões como agressões flagrantes à independência nacional, motivadas por ambições sobre as reservas petrolíferas venezuelanas e tentativas de derrubada de governo.

Em resposta, Caracas mobilizou defesas próprias. Na quarta-feira (22), Maduro destacou seu arsenal, revelando possuir “milhares de mísseis russos”, incluindo nada menos que 5 mil sistemas Igla-S de defesa antiaérea, adquiridos de aliados como Rússia e China. “Qualquer força militar do mundo conhece o poder da Igla-S, e a Venezuela tem nada menos que 5 mil Igla-S em posições-chave de defesa antiaérea para garantir a paz, a estabilidade e a tranquilidade do nosso povo”, declarou ele. Na madrugada de quinta, ordenou exercícios militares em 73 pontos costeiros, testando equipamentos importados. “Obrigado presidente [Vladimir] Putin, obrigado Rússia, obrigado China e obrigado a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem equipamento para garantir a paz”, agradeceu.

A tensão se agrava com manobras adicionais: os EUA e Trinidad e Tobago revelaram exercícios conjuntos a partir de 30 de outubro, envolvendo um navio americano, vistos por Caracas como provocação. A primeira-ministra trinitária, Kamla Persad-Bissessar, endossou as iniciativas de Trump, o que levou Maduro a acusar o vizinho de subserviência a interesses yankees. Analistas apontam riscos de instabilidade interna na Venezuela, com temores de conflito civil exacerbado pela pressão externa, e observam movimentações de unidades de elite americanas, como a que capturou Osama bin Laden, nas proximidades.


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