Com cerca de 58% dos votos válidos, o candidato do Partido Republicano, José Antonio Kast, de 59 anos, conquistou a presidência do Chile no segundo turno realizado em 14 de dezembro de 2025. Ele superou Jeannette Jara, do Partido Comunista e ex-ministra do Trabalho no governo de Gabriel Boric (Frente Ampla, esquerda), que obteve cerca de 42%.
No primeiro turno, Jara havia liderado com 26,8%, enquanto Kast ficou com 23,9%. A virada no segundo turno veio com a união da direita em torno de Kast e o destaque para temas como rejeição aos candidatos e preocupações com segurança pública.
A posse do novo presidente está marcada para 11 de março de 2026, e o mandato dura quatro anos, sem possibilidade de reeleição imediata, conforme a Constituição chilena.Perfil de José Antonio KastNascido em Santiago em 18 de janeiro de 1966, Kast é advogado formado pela Universidade Católica do Chile e o caçula de dez filhos. Seu pai, Michael Kast Schindele, foi militar alemão filiado ao partido nazista e migrou para a América do Sul após a Segunda Guerra Mundial. Seu irmão mais velho, Miguel Kast, foi ministro e presidente do Banco Central durante a ditadura de Augusto Pinochet.
Kast participou da campanha pelo "sim" no plebiscito de 1988, que visava manter Pinochet no poder. Foi deputado por quatro mandatos (2002-2018), deixou a União Democrática Independente em 2016 e fundou o Partido Republicano em 2019. Esta foi sua terceira candidatura presidencial, após tentativas em 2017 e 2021.
Ele se opôs às duas propostas de nova Constituição no Chile e presidiu, de 2022 a 2024, a Political Network for Values, organização internacional contra aborto, eutanásia e casamento entre pessoas do mesmo sexo.Propostas principaisO foco da campanha de Kast foi segurança e controle migratório. Seu programa inclui:
- Fechar fronteiras para entradas irregulares.
- Criminalizar a migração ilegal.
- Construir muros, cercas elétricas, trincheiras e ampliar prisões.
- Aumentar presença militar nas fronteiras.
- Combater o crime organizado.
Inspirado em modelos como os de Donald Trump (EUA) e Nayib Bukele (El Salvador), ele também defende redução de impostos para empresas, reforma previdenciária, corte de gastos públicos e parcerias público-privadas em saúde, educação e moradia.
Em discurso de vitória, Kast afirmou que os chilenos viviam com "medo" e prometeu firmeza: "Quando dizemos a um migrante irregular que está quebrando a lei e deve deixar nosso país se quiser ter chance de voltar, falamos sério... Devemos mostrar grande firmeza contra o crime, o crime organizado, a impunidade e o desordem." Ele também declarou: "O Chile voltará a ser livre do crime, livre da angústia, livre do medo."ReaçõesJeannette Jara reconheceu a derrota: "A democracia falou alto e claro. Acabei de falar com o presidente eleito, José Antonio Kast, para desejar-lhe sucesso para o bem do Chile."
Gabriel Boric telefonou para parabenizar Kast por uma "vitória clara" e convidou-o para reunião de transição. A eleição marca o retorno da direita ao poder no Chile, o mais à direita desde o fim da ditadura de Pinochet em 1990.
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