Lula nomeia o senador Jean Paul Prates para presidir a Petrobras

Apontado como 'favorito' desde a transição, Prates defende que estatal invista mais em refino e em fontes renováveis. Ele é crítico da atual política de distribuição de dividendos da empresa.
Por: Brado Jornal 30.dez.2022 às 17h50 - Atualizado: 30.dez.2022 às 17h51
Lula nomeia o senador Jean Paul Prates para presidir a Petrobras
Foto: Divulgação

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou nesta sexta-feira (30) que indicará o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para ocupar a presidência da Petrobras.

Prates já era apontado como o principal cotado para o comando da Petrobras. Após a indicação de Lula, o nome dele precisará ser aprovado pelo conselho de administração da empresa.

"Gostaria de anunciar a indicação do Jean Paul Prates para a presidência da Petrobrás. Advogado, economista e um especialista no setor de energia, para conduzir a empresa para um grande futuro", informou Lula por meio de uma rede social.

Durante a transição, Prates foi o coordenador de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e era o responsável por dar declarações sobre o futuro da Petrobras.

Neste sexta, em entrevista após reunião com Lula em Brasília, Prates defendeu mudança na política adotada pela Petrobras para a definição do preços dos combustíveis.

Um dos temas mais debatidos na campanha eleitoral, a política de preços da Petrobras hoje leva em consideração o preço internacional do petróleo. Por causa disso, os preços dos combustíveis no Brasil dispararam neste ano devido ao aumento na cotação internacional do petróleo provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

"Nós vamos consolidar melhor essa situação da política de combustíveis. Eu sempre tenho dito que política de combustíveis é um assunto de governo. Não quer dizer que ele seja intervencionista, mais ou menos. É um assunto de governo, ponto", disse Prates.

O senador defendeu que o país deve "tirar vantagem" da autossuficiência na exploração do petróleo e da "quase autossuficiência que nós temos em refino" para oferecer aos consumidores e às empresas brasileiras um preço de combustível mais competitivo.


O que pensa Prates

Em uma dessas falas, Prates disse que a estatal precisa ir além de explorar o pré-sal e pagar dividendos aos acionistas.

"[A Petrobras] é uma empresa de longo prazo. Uma empresa de longo prazo não pode só ficar tirando pré-sal do fundo do mar e distribuindo dividendos, ela precisa pensar em coisas que todas as outras empresas de petróleo estão pensando", afirmou no início do mês.

Ele defende que a estatal diminua a distribuição de dividendos para reforçar o caixa da companhia e alavancar os investimentos, em especial em refinarias, estratégia abandonada pela atual gestão.

O senador também quer que a Petrobras foque sua atuação futura em energias renováveis, diante das metas de redução de combustíveis fósseis em todo o mundo.

Prates, durante a transição, também defendeu que o governo eleito proponha um mecanismo para amortecer preços de combustíveis em momentos de alta do valor do petróleo.

Segundo o petista, uma das possibilidades seria a implementação de um "colchão de amortecimento", ou seja, a instituição de um subsídio para que os valores cobrados dos consumidores possam ser menores.

Ele também é crítico da atual política de preços da Petrobras, atrelada à variação do dólar e do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Porém, prometeu que não haverá nenhuma medida intervencionista na Petrobras. Disse que as mudanças serão discutidas pelo conselho de administração.


Conselho de administração

A indicação de Prates à presidência da Petrobras terá de ser oficializada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), via ofício, ao conselho de administração da companhia.

Diferente de outras estatais, em que a troca pode ser imediata, há todo um trâmite burocrático para que Prates assuma o cargo. São regras do próprio estatuto da Petrobras. Ou seja, não será imediatamente.

O atual presidente é Caio Paes de Andrade, que já anunciou que deixará o cargo para ir trabalhar no governo de São Paulo.


Perfil

É advogado, economista, ambientalista, empreendedor e dirigente sindical, segundo a sua própria biografia.

Tem mais de 25 anos de trabalho nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais.

Na área de petróleo, participou da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro), no final da década de 80. Em 1991, fundou a primeira consultoria brasileira especializada em petróleo.

Prates ainda trabalhou na regulação dos setores de petróleo, energia renovável, biocombustíveis e infraestrutura nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Ele também foi secretário de Estado de Energia e Assuntos Internacionais do Rio Grande do Norte.

Em 2014, foi eleito primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra (RN) para o período 2015-2022. Em janeiro de 2019, assumiu a cadeira de senador pelo Rio Grande do Norte, com a eleição e posse de Bezerra.

Como senador, foi vice-presidente da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa e da Frente em Defesa da Petrobras.

Prates cursou direito na UERJ e economia na PUC/RJ. Nos Estados Unidos, tornou-se mestre em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pennsylvania.

Na França, concluiu mestrado em Economia de Petróleo e Motores, pelo Instituto Francês do Petróleo.

Botafoguense, foi diretor de futebol do Alecrim Futebol Clube em 2015.



Fonte: G1



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