Epstein chamou Trump de 'sujo' em e-mail de 2018 sobre fraudes eleitorais

Documentos revelados pelo Congresso dos EUA expõem trocas de mensagens entre o bilionário acusado de abusos e ex-conselheira da Casa Branca
Por: Brado Jornal 13.nov.2025 às 09h31
Epstein chamou Trump de 'sujo' em e-mail de 2018 sobre fraudes eleitorais
Foto: Uma Sanghvi/Palm Beach Post via AP
Jeffrey Epstein, empresário americano com extensa rede de influências entre figuras poderosas, enviou uma mensagem em 23 de agosto de 2018 à advogada Kathryn Ruemmler, que atuara como conselheira na administração de Barack Obama. Nela, o milionário afirmou saber “o quão sujo” Donald Trump era, no contexto de alegações de irregularidades financeiras na campanha presidencial de 2016.

As investigações apontavam que Trump escondia repasses à atriz Stormy Daniels para silenciar um suposto affair de 2006, registrando-os como “serviços prestados” com valores inflados. Epstein comentava uma coluna de Bret Stephens no The New York Times, enviada por Ruemmler, que citava a confissão de Michael Cohen, ex-advogado de Trump, como evidência de “crimes e delitos graves” passíveis de impeachment.

Na resposta rápida, Epstein escreveu: "Acho que ele defende a ideia de que era dinheiro dele, do Trump, o que tornaria a coisa não ilegal. Embora ele também tenha dito que só soube depois, certo? E o fato é que, segundo a acusação, isso foi registrado como 'serviços prestados' e com valor aumentado. Tenho certeza de que o contador dele já deve ter colaborado com a investigação, de qualquer forma. Conversei ontem em detalhes com Starr sobre as acusações, sobre como o Trump pode fazer um acordo (com o procurador especial). O lixo dos Clinton, sim, Starr me contou mais. YECHHHH!”

Ruemmler rebateu: “Não faz diferença se o dinheiro era dele. A questão é a falta de transparência. Além disso, o fato de ele ter mentido descaradamente sobre isso deixa claro que sabia que era ilegal.”

Epstein então reforçou: “Veja, eu sei o quão sujo o Donald é. Acho que pessoas de negócios de Nova York que não são advogadas não têm ideia do que significa quando o ‘consertador’ dele [Cohen] resolve falar.”

Epstein, preso em julho de 2019 por acusações de explorar sexualmente mais de 250 menores em uma rede organizada, morreu um mês depois na cela, conforme autoridades americanas classificaram como suicídio. Kenneth Starr, mencionado na mensagem, investigara Bill Clinton nos anos 1990 e integrava a defesa de Epstein.

Outras mensagens expostas pelos democratas na Câmara incluem uma de janeiro de 2019, onde Epstein indicava que Trump “sabia sobre as garotas”, citando uma vítima censurada e o resort Mar-a-Lago, na Flórida. Em abril de 2018, escreveu a Ghislaine Maxwell, sua parceira condenada por auxiliar nos crimes: “Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump”, adicionando que uma vítima “passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.

Outro e-mail tratava de como Epstein lidaria com questionamentos da mídia sobre sua ligação com Trump, então em ascensão política.


E-mail em que Jeffrey Epstein fala sobre suposto conhecimento de Trump sobre a conduta do empresário.

A foto, de julho de 2008, mostra Epstein sob custódia em West Palm Beach, na Flórida.

Em postagem online, Trump classificou os e-mails como uma “armadilha” democrata para distrair da paralisação governamental: “Os democratas estão tentando ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein porque fariam qualquer coisa para desviar o foco de como se saíram mal na paralisação e em tantos outros assuntos”. Ele completou: “Apenas um republicano muito ruim ou estúpido cairia nessa armadilha”. “Não deve haver distrações com Epstein ou qualquer outra coisa.”

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, defendeu que Trump “não fez nada de errado” e acusou a oposição de timing suspeito na divulgação, coincidindo com votação na Câmara para encerrar o shutdown, visando “difamar Trump” e fabricar narrativas.

Pressões por mais documentos

As revelações intensificam demandas para que o governo libere todos os arquivos sobre Epstein. Trump prometera na campanha revelar uma “lista” de envolvidos no esquema de tráfico infantil, mas o Departamento de Justiça divulgou apenas partes em fevereiro, sem novidades. Desde então, ele nega a lista, diminui o caso e chama de “idiota” quem insiste no tema, apesar de anos promovendo conspirações relacionadas.

Relatos da mídia americana indicam que Trump foi alertado em maio pelo Departamento de Justiça sobre menções a seu nome nos papéis. Ele rejeita qualquer participação ou ciência da rede de Epstein, admitindo amizade antiga, mas alegando rompimento há décadas.


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