Na manhã desta quarta-feira (22), a Polícia Civil da Bahia lançou a Operação Erva Afetiva, visando desmantelar uma organização criminosa dedicada ao tráfico interestadual de entorpecentes e à lavagem de capitais provenientes de atividades ilegais. O foco principal recai sobre Melissa Said, uma influenciadora digital baiana com mais de 320 mil seguidores no Instagram, conhecida por seu perfil como "ervoafetiva" e embaixadora do grupo "Bem Bolado Brasil". As apurações, lideradas pelo Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), revelaram que ela não apenas promovia o consumo de drogas em suas postagens nas redes sociais, mas também coordenava a venda, o estoque e a entrega de maconha na capital baiana, com parcerias em fornecedores localizados na Bahia e em São Paulo.
Delegados cumpriram ordens judiciais de prisão temporária e de busca e apreensão em residências e imóveis associados aos investigados, espalhados por Salvador e Lauro de Freitas, na Bahia, além de São Paulo e Araçatuba, no estado paulista. A colaboração entre o Denarc baiano e o equivalente paulista foi essencial para a execução simultânea nessas localidades, ampliando o alcance da repressão ao crime organizado. Até o momento, três indivíduos foram detidos: Eduardo Vitor, Erick Oliveira e Gabriel Ferrari Sousa, todos apontados como membros do esquema liderado pela influenciadora. Eles foram capturados em endereços ligados à rede e transferidos para unidades policiais, onde permanecem à disposição da Justiça.
Melissa Said, no entanto, segue foragida, e as equipes policiais prosseguem com buscas intensas para localizá-la, considerando-a figura central na estrutura do grupo. A influenciadora ganhou notoriedade no meio digital por seu ativismo em prol da legalização da cannabis, especialmente após a morte de seu ex-namorado, o também influenciador Tássio Bacelar, em 2023, vítima de um acidente de bicicleta em Salvador. Desde então, ela assumiu um papel de destaque no chamado "humor canábico" online, atraindo uma legião de fãs, incluindo celebridades que a seguem nas plataformas. Seu perfil, repleto de conteúdos que exaltam o uso recreativo de substâncias, agora é visto pelas autoridades como uma fachada para atividades ilícitas mais graves.
O diretor do Denarc, delegado Ernandes Júnior, destacou a relevância da ação em coletiva à imprensa: "O objetivo dessa operação é o combate ao tráfico de drogas, tendo como principal alvo uma influência digital que faz apologia ao crime". Em outra declaração, ele complementou: "Durante as investigações, foi descoberto que, além de promover o uso de drogas nas redes sociais, a investigada também comercializava e distribuía entorpecentes na Bahia, com fornecedores em São Paulo". As autoridades estimam que o grupo movimentava somas expressivas por meio de transações financeiras ocultas, configurando crimes de lavagem de dinheiro, e prometem novas fases investigativas para identificar eventuais ramificações adicionais.
A operação reforça o compromisso das forças policiais em coibir o avanço do narcotráfico em rotas interestaduais, preservando a segurança pública e combatendo a disseminação de mensagens que incentivam o uso de drogas entre jovens. A defesa de Melissa Said não foi localizada até o fechamento desta reportagem para prestar esclarecimentos.
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