O plenário do júri que julgaria nesta terça-feira (25) os três homens acusados do feminicídio da cantora gospel Sara Freitas, mais de dois anos após o crime, foi suspenso sem nova data definida.
A sessão no Fórum Desembargador Gerson Pereira dos Santos, em Dias D’Ávila (Região Metropolitana de Salvador), foi interrompida depois que todos os advogados de defesa abandonaram o local. Eles alegaram falta de estrutura mínima para um julgamento que pode durar até três dias, como ausência de bancada para os defensores e condições precárias de trabalho.
Dezenas de pessoas acompanhavam o movimento em frente ao fórum, que atraiu atenção nacional pelo caso. Após deixar o plenário, a defesa pediu oficialmente a transferência do julgamento para o Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Até o momento, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) não se manifestou sobre o pedido.
Em coletiva à imprensa, o advogado Otto Lopes, que representa os réus, explicou a decisão. “A defesa não desistiu do processo. Apenas saímos porque não havia condições físicas de realizar o julgamento hoje. São mais de dez advogados, um procedimento longo, e não existe nem lugar adequado para sentarmos. O próprio Ministério Público teria que ficar de pé”, afirmou.
No banco dos réus estavam Ederlan Santos Mariano, ex-marido da vítima e apontado como mandante, Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como bispo Zadoque, e Victor Gabriel Oliveira Neves. Os três respondem por feminicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver e associação criminosa.
Rogério Matos, advogado da família de Sara Freitas, criticou a atitude da defesa. “Todo o aparato foi montado para que o julgamento ocorresse e tudo foi frustrado. Vejo apenas medo de enfrentar o júri e de ver os clientes condenados”, declarou à TV Bahia.
O crime ocorreu em outubro de 2023. Sara Freitas desapareceu por quatro dias e foi encontrada carbonizada às margens da BA-093, em Dias D’Ávila, após levar mais de 20 facadas. A investigação concluiu que Ederlan Mariano, com quem a cantora tinha uma filha e mantinha relacionamento abusivo marcado por violência psicológica, pagou R$ 2 mil para que Weslen Pablo (bispo Zadoque) executasse o assassinato enquanto Victor Gabriel segurava a vítima.
Um quarto envolvido, Gideão Duarte de Lima, responsável por atrair Sara até o local da emboscada, já foi condenado individualmente em abril deste ano a 20 anos, 4 meses e 20 dias de prisão pelos mesmos crimes. Seu julgamento durou cerca de 12 horas.
Os três réus que seriam julgados nesta semana seguem em prisão preventiva e apresentaram recursos após a denúncia. Eles admitiram ter dividido o valor pago pelo ex-marido da vítima para cometer o homicídio.
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