Agência de notícias da Venezuela usa apresentadores feitos em IA

O intuito é proteger os repórteres, uma vez que o regime ditatorial está perseguindo jornalistas e manifestantes
Por: Brado Jornal 03.set.2024 às 10h10
Agência de notícias da Venezuela usa apresentadores feitos em IA

Um dos mais novos âncoras televisivo venezuelanos senta em um banquinho, usando uma camisa de flanela e calça social enquanto lê as manchetes do dia. Ele é conhecido como "El Pana", gíria venezuelana para "amigo". Só tem um detalhe: ele não é real.

El Pana, e a sua colega, a "La Chama," ou "a garota", foram gerados utilizando inteligência artificial, ainda que eles tenham aparência, falem e se mexam realisticamente. Veja no vídeo acima.

Eles foram criados como parte da iniciativa "Operação Retuíte" pela organização Connectas, sediada na Colômbia.

O objetivo é publicar notícias de dezenas de veículos de imprensa independentes venezuelanos e proteger repórteres num momento de perseguição do governo contra jornalistas e manifestantes.

"Decidimos usar inteligência artificial para ser o ‘rosto’ da informação que estamos publicando”, disse o diretor do projeto, Carlos Huertas, em entrevista.

Ao menos 10 jornalistas foram presos desde meados de junho e oito seguem na prisão sob acusações que incluem terrorismo, de acordo com Repórteres Sem Fronteiras.

"Usar inteligência artificial aqui é quase uma mistura entre tecnologia e jornalismo”, disse Huertas, explicando que o projeto pretende “driblar o aumento da perseguição” do governo já que não haveria ninguém para ser preso.

A oposição no país e grupos de defesas de direitos humanos disseram que prisões recentes de manifestantes, figuras oposicionistas e jornalistas são parte de estratégia do governo. O regime busca calar, por vezes com violência, o conflito relacionado à eleição presidencial.

O ministro das Comunicações venezuelano não respondeu aos pedidos de comentário sobre a iniciativa de jornalismo com IA. Nenhuma autoridade do país respondeu aos repetidos pedidos de comentário da Reuters sobre a prisão de jornalistas nas últimas semanas.

Tanto a oposição quanto o presidente Nicolás Maduro alegam ter vencido a eleição de 28 de julho.

Maduro, no cargo desde 2013, tem o apoio do Tribunal Supremo e da autoridade eleitoral, que não publicou as atas completas da eleição com a justificativa de que sofreu um ataque digital.

Protestos desde a eleição provocaram 27 mortes e 2,4 mil prisões ou detenções de figuras oposicionistas e manifestantes.



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