Um jovem de 18 anos, Mateus Silva de Araújo, teve sua prisão convertida em preventiva durante uma audiência de custódia realizada enquanto estava em coma, no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador. Baleado após fugir de uma abordagem policial em Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador, no dia 14 de outubro, o caso, que veio à tona na quinta-feira (23), provocou indignação entre familiares, que contestam a versão oficial da polícia.
Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares patrulhavam o bairro Genaro quando avistaram Mateus em uma motocicleta, supostamente disparando para o alto. Ao perceber a viatura, ele teria fugido em alta velocidade e atirado contra os agentes, que revidaram. Com o jovem, os policiais afirmam ter apreendido uma pistola calibre .40, munições, um celular e a motocicleta utilizada. Após ser baleado, Mateus foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Dias D’Ávila e, posteriormente, transferido ao HGE, onde passou por cirurgia e teve uma perna amputada.
Versão da família diverge da polícia
A família de Mateus questiona a narrativa policial. Segundo parentes, o jovem trabalhava como entregador em uma distribuidora, utilizando uma moto emprestada da empresa, embora não possuísse Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Eles alegam que, na noite do incidente, Mateus havia parado em um bar e, ao sair, foi perseguido e baleado sem motivo aparente. “Ele não estava armado, mas foi atingido na barriga e na perna”, afirmou a mãe do jovem em entrevista à TV Bahia.
A família também denunciou irregularidades no processo judicial. Segundo eles, nenhum defensor público ou advogado foi contatado durante o início do tratamento de Mateus no hospital. Ao buscarem informações em uma delegacia, descobriram que a audiência de custódia já havia ocorrido, mesmo com o jovem intubado. “Não tínhamos conhecimento, porque eu vim para o hospital com ele, aí quando cheguei aqui mandaram que eu procurasse um advogado. Fomos na delegacia na sexta-feira (17), quando descobrimos que já havia batido a audiência de custódia do meu filho sem ele ser ouvido. Ele não teve oportunidade de se defender”, desabafou a mãe.
Atualmente, Mateus permanece algemado à maca no HGE, onde se recupera dos ferimentos. A Justiça determinou que ele será transferido para o sistema prisional assim que receber alta. A advogada da família solicitou um habeas corpus para que o jovem responda ao processo em liberdade, mas o pedido foi negado em liminar.
A repercussão do caso levantou debates sobre a conduta policial e o acesso à defesa jurídica em situações de emergência médica. A família segue buscando reverter a decisão judicial enquanto Mateus continua internado.
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