Operação Overclean: “Rei do Lixo” teria interferido na nomeação de secretários em Belo Horizonte, aponta PF

Empresário José Marcos Moura negociou cargos com o então prefeito Fuad Noman, segundo mensagens obtidas pela Polícia Federal
Por: Brado Jornal 08.abr.2025 às 08h19
Operação Overclean: “Rei do Lixo” teria interferido na nomeação de secretários em Belo Horizonte, aponta PF
Reprodução/Redes Sociais

Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) no celular do empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, indicam sua atuação direta na indicação de nomes para o secretariado da Prefeitura de Belo Horizonte (MG). As conversas foram descobertas durante a Operação Overclean, que investiga desvios milionários em contratos públicos bancados com verbas de emendas parlamentares.

Moura foi alvo da 3ª fase da operação, deflagrada na quinta-feira (3), por suposta obstrução de Justiça. Ele aparece em diálogo com o ex-prefeito Fuad Noman (morto em março de 2025), discutindo abertamente a composição das secretarias municipais após a eleição de 2024.

De acordo com o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou medidas contra os investigados, há “possível interferência da organização criminosa na Prefeitura de Belo Horizonte”. As mensagens revelam que Moura insistiu na nomeação para a Secretaria de Educação, cargo que acabou ocupado por Bruno Barral, afastado por decisão do STF.


Articulação com nomes nacionais

Durante as tratativas com Fuad Noman, Moura chegou a dizer que consultaria Antônio Rueda, presidente do União Brasil, e ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, sobre as negociações. O diálogo, considerado pela PF como indício de articulação política de alto nível, evidencia o trânsito do empresário entre lideranças nacionais.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que Bruno Barral foi exonerado da Secretaria de Educação no mesmo dia do afastamento.


Contexto da Overclean

A Overclean começou investigando desvios em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e foi ampliada após a descoberta de uma rede de empresas operando contratos fraudulentos com entes públicos em diferentes esferas. Um dos principais núcleos é liderado pelos irmãos Alex e Fábio Parente, ligados à empresa Allpha Pavimentações, que recebeu cerca de R$ 150 milhões em contratos entre 2021 e 2024, incluindo R$ 67 milhões do DNOCS.

Os pagamentos, segundo a PF, partiram do chamado orçamento secreto, e começaram durante o governo Jair Bolsonaro (PL), com continuidade na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A investigação ganhou impulso após uma ação controlada da PF interceptar um voo de Salvador para Brasília, em que estavam Alex Parente e Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-chefe do DNOCS na Bahia, com documentos que revelaram uma “contabilidade clandestina” do grupo.


Avanço para o STF

A Overclean foi remetida ao STF em janeiro de 2025, após surgirem indícios de envolvimento do deputado Elmar Nascimento (União Brasil) nos esquemas. Desde então, o inquérito está sob a relatoria de Kassio Nunes Marques. A 2ª fase da operação já havia prendido nomes influentes na Bahia, como o vice-prefeito de Lauro de Freitas, o secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista, além de um policial federal.

A PF continua cruzando dados de celulares apreendidos, gravações ambientais e documentos sigilosos, com o objetivo de mapear a extensão da rede de influência e os destinos dos recursos públicos desviados.



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