Jantar no Alvorada enterra clima de anistia: Lula rejeita perdão a presos do 8/1

Em primeiro encontro na casa oficial da Câmara, presidente diz que perdão “não faz sentido” para réus ainda sem sentença; Hugo Motta segue segurando votação de urgência
Por: Brado Jornal 24.abr.2025 às 09h21
Jantar no Alvorada enterra clima de anistia: Lula rejeita perdão a presos do 8/1
Ricardo Stuckert/Agência Brasil

O aguardado jantar desta quarta‑feira (23) na residência oficial da Câmara, em Brasília, serviu menos para destravar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e mais para alinhar prioridades entre Planalto e base. Diante de Hugo Motta (Republicanos‑PB) e líderes partidários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi taxativo: “Não faz sentido perdoar quem nem foi condenado”.

A fala de Lula esfriou a ofensiva do PL, cujo líder na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), articula urgência para o projeto que anula penas e processos. Ausente do encontro, o deputado já havia reunido 264 assinaturas — sete além do mínimo exigido —, mas depende de Motta para pôr o requerimento em plenário. O presidente da Câmara, entretanto, reiterou a colegas a busca de “solução pactuada” com o STF, possivelmente revendo penas caso a caso em vez de promover anistia ampla.

Foco em duas pautas
Lula pediu empenho em duas propostas classificadas como “infraestrutura social”:

  1. PEC da segurança pública — entregue ontem ao Congresso, cria fundo permanente para estados investirem em policiamento e inteligência;

  2. Isenção de IR até R$ 5 mil — projeto que beneficia cerca de 10 milhões de contribuintes e já foi alçado por Motta ao topo da fila.

O chefe do Executivo lembrou que a base precisa garantir quórum elevado para aprovar a PEC — são 308 votos em dois turnos — e que a desoneração do IR terá de vir acompanhada de compensação fiscal a ser negociada.

Clima leve, mas recados claros
Participantes classificaram o jantar como “descontraído”: Lula brincou sobre futebol, evitou comentar a recusa do União Brasil à vaga nas Comunicações — crise sanada com a escolha de Frederico Siqueira, da Telebras — e ouviu apelos por maior interlocução com deputados. Foi a primeira vez, neste terceiro mandato, que o petista se reuniu na casa oficial da Câmara, gesto interpretado como tentativa de reduzir a distância política citada por líderes nas últimas semanas.

Ao fim, Hugo Motta reiterou que não pautará qualquer matéria que trave o avanço da isenção do IR ou da PEC da segurança. Nos corredores, a avaliação é que a anistia perdeu tração: sem o beneplácito do Planalto e com resistência crescente no centro, o requerimento de urgência pode morrer na gaveta — ao menos até que Supremo e Câmara encontrem uma saída que não soe como impunidade.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Eduardo Bolsonaro ataca Ana Campagnolo e reforça apoio a Carlos no senado de Santa Catarina
Disputa interna no PL expõe tensões no bolsonarismo catarinense e atrai defesa da tropa de choque do partido
Pagamentos do INSS de novembro de 2025 começam no dia 24 e se estendem até dezembro
Metade dos beneficiários só recebe em dezembro devido ao escalonamento por dígito do Número de Benefício
Ministra do TSE defende cassação do mandato de Cláudio Castro
Acusações de irregularidades eleitorais em 2022 param julgamento após voto inicial pela condenação
Carregando..