Ministros e representantes do governo federal participaram de ao menos 15 reuniões com entidades investigadas por fraudes em aposentadorias e pensões, que teriam causado prejuízos de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos. Os encontros ocorreram entre janeiro de 2023 e março de 2025 e envolveram integrantes dos ministérios da Previdência Social, do Desenvolvimento Social e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
As reuniões somaram oito encontros em 2023, cinco em 2024 e dois em 2025. Entre os presentes estiveram os ministros Carlos Lupi (Previdência Social) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — um dos seis servidores afastados após a deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, em 23 de abril de 2025.
A operação investiga um esquema de descontos associativos não autorizados em benefícios previdenciários, realizados por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) entre o INSS e entidades de classe, como associações e sindicatos. Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS tiveram valores descontados de forma indevida.
Contag lidera número de encontros com o governo
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), apontada como a entidade responsável por reter o maior volume de recursos, esteve presente em 13 das 15 reuniões. Procurada, a Contag afirmou que os encontros trataram de temas diversos ligados aos segurados rurais, incluindo medidas de segurança sobre os descontos associativos.
Outras organizações investigadas incluem o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que esteve reunido com Stefanutto em julho de 2023. O sindicato tem entre seus dirigentes José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula.
CGU e PF identificam fraudes em massa
Relatório da CGU divulgado em abril de 2025, com base em auditoria feita de abril a julho de 2024, apontou que a maioria dos entrevistados (96%) afirmou não fazer parte de nenhuma associação. A investigação revelou a possibilidade de falsificações em documentos de autorização e o uso indevido dos dados dos beneficiários.
Os valores dos descontos saltaram de R$ 706 milhões em 2022 para R$ 2,8 bilhões em 2024. Apenas em abril de 2024, foram registrados 192 mil pedidos de cancelamento de descontos.
Medidas do governo
Após a operação, o governo suspendeu os Acordos de Cooperação Técnica com 11 entidades suspeitas, incluindo Contag, Sindnapi, AAPB, Aapen, APDAP Prev e Unaspub. A orientação é que aposentados e pensionistas consultem seus extratos de pagamento pelo aplicativo ou site “Meu INSS” e, se necessário, solicitem o cancelamento dos descontos indevidos.
Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...