A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), visivelmente emocionada e com a voz embargada, concedeu uma entrevista ao programa Brado Jornal nesta sexta-feira (16.mai.2025), apresentado por Thimóteo Oliveira e Vanessa Moreira. Ela abordou a condenação a 10 anos de prisão imposta pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em 14 de maio, por suposta participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023, liderada pelo hacker Walter Delgatti. Zambelli negou as acusações, classificando a decisão como perseguição política articulada pelo ministro Alexandre de Moraes e criticada por Jair Bolsonaro, e lamentou ser responsabilizada por muitos pela derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 devido a um episódio com arma em São Paulo.
“Estão me acusando de um crime que não cometi. Não há provas, só a palavra de um mitômano”, disse Zambelli, referindo-se a Delgatti, condenado a 8 anos e 3 meses. Ela afirmou que o hacker agiu sozinho e que os presos citados em falsos mandados de soltura não a conheciam. “Nem mandado foi inserido no CNJ. Ele tentou alterar dados, sem sucesso. Como me culpam?”, questionou, criticando o julgamento virtual, que, segundo ela, restringiu sua defesa. Zambelli disse que Moraes ignorou um vídeo de 54 minutos apresentado por sua defesa, não analisado pelos outros ministros.
Um ponto de grande indignação foi a narrativa que a culpa pela derrota de Jair Bolsonaro em 2022, por 1,8 milhão de votos, recai sobre ela devido ao incidente em São Paulo, quando foi acusada de apontar uma arma para um jornalista. “Muitos dizem que Bolsonaro perdeu porque eu ‘apostei na arma’. Isso é injusto. Fui agredida, empurraram meu filho, caí na sarjeta. Usei a arma para tentar prender um agressor em flagrante, como prevê o Código de Processo Penal, artigos 300 e 302. Não era jornalista, era um homem que me ofendeu e fugiu”, explicou. Ela destacou que o caso, amplificado pela mídia, criou uma percepção negativa, mas negou impacto decisivo na eleição. “Quem apoiava Bolsonaro por causa da arma continuou votando nele. Pode ter perdido alguns votos, mas não 1,8 milhão. A eleição não foi equilibrada, com vídeos meus censurados e narrativas contra nós”, afirmou, ecoando críticas de Bolsonaro sobre o TSE e o PT.
Zambelli revelou problemas de saúde que tornam a prisão potencialmente fatal, incluindo Síndrome de Ehlers-Danlos, que causa deslocamentos articulares e dores crônicas, fibromialgia, depressão, ansiedade e taquicardia postural ortostática. “Não durmo sem remédios. Na cadeia, sem cuidados, posso morrer”, alertou. Apesar disso, disse estar com “uma paz que excede o entendimento”, sustentada pela fé. “Deus me colocou nessa provação. Não sei por quê, mas confio Nele”, declarou.
A deputada destacou o apoio de aliados, como deputados Cabo Gilberto, Gustavo Gayer, Sóstenes Cavalcante, Sanderson e Rodrigo Valadares, além de postagens de Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, que a convidou para o PL Mulher. O senador Flávio Bolsonaro a contatou, pedindo que tivesse força. “O PL, sob Valdemar Costa Neto, vai pedir a suspensão do processo penal no plenário da Câmara, como no caso Ramagem. Meus 946 mil eleitores merecem isso”, afirmou.
Sobre o caso do CNJ, Zambelli negou proximidade com Delgatti, dizendo que apenas o apresentou a aliados de Bolsonaro para discutir urnas eletrônicas. “Ele deu seis depoimentos diferentes. A única ‘prova’ é um documento no meu celular, mas era um pedido de prisão que viralizou, recebido por deputados e até pelo jornal Metrópoles”, explicou. Ela sugeriu que a condenação é retaliação por denúncias contra o PT, como suposto financiamento via MTST, MST e Foro de São Paulo, levadas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Zambelli expressou preocupação com sua família, especialmente seu marido, ex-policial do BOPE, e seu filho. “Meu marido está arrasado. Ele conhece cadeias e diz que o ambiente é cruel para mim. Meu legado, desde 2011, com impeachment e leis como a Ficha Limpa, está sendo destruído por mentiras”, desabafou. Ainda assim, reiterou sua fé: “Entreguei minha vida a Deus. Se for perseguida, sei que cumpri meu papel.”
Zambelli pediu orações e prometeu lutar com dignidade. “Não fugirei do país. Vou enfrentar até o fim pelos meus eleitores”, concluiu, desafiando que as provas do caso sejam analisadas por ferramentas como o ChatGPT, que, segundo aliados, revelariam inconsistências.
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