A Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC), investigada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) por descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), registrou um crescimento exponencial em sua arrecadação. Em 2021, a entidade arrecadou R$ 135 com contribuições de associados. Em 2022, o valor disparou para R$ 14,9 milhões, um aumento de 11.092.533%. A receita continuou crescendo, atingindo R$ 91 milhões em 2023 e R$ 71,6 milhões apenas nos três primeiros meses de 2024, totalizando R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.
Detalhes da investigação
A CGU realizou uma auditoria que revelou a ausência de documentos, como fichas de filiação e termos de autorização, que comprovassem o consentimento de aposentados e pensionistas para os descontos. A investigação apontou que a AMBEC não possui estrutura física compatível com o volume de associados registrados, e muitos beneficiários afirmaram desconhecer a entidade. A PF suspeita que a associação seja controlada por “laranjas” ligados ao empresário Mauricio Camisotti, do setor de saúde, e que opera em conjunto com outras organizações, como a União dos Servidores Públicos do Brasil (Unsbras) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap), ambas vinculadas ao grupo Total Health Group (THG), de Camisotti.
Operação Sem Desconto
A investigação, parte da Operação Sem Desconto, identificou transações financeiras suspeitas, como a transferência de R$ 16,3 milhões da AMBEC para a Prevident, empresa do grupo THG registrada em nome de Brilhante Palmeira, entre agosto de 2023 e abril de 2024. O inquérito também destaca Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, como figura central no esquema, atuando como lobista para facilitar descontos milionários junto ao INSS. As três associações investigadas (AMBEC, Unsbras e Cebap) respondem por 17,3% dos descontos estimados em 2024, totalizando R$ 456,5 milhões, superando a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), que registrou R$ 435 milhões em descontos no mesmo período.
Defesa e contexto
Fundada em 2006 e sediada na Vila Olímpia, em São Paulo, a AMBEC foi presidida até fevereiro de 2024 por Maria Inês Batista de Almeida, ex-auxiliar de dentista ligada às empresas Brazil Dental e Prevident, do grupo THG. Ela reside no Jardim Robru, na zona leste de São Paulo. A defesa da AMBEC, representada pelos advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, alega que a entidade não realizou captação ativa de associados, atribuindo essa atividade à empresa privada CORBANS. Segundo os advogados, caso fraudes tenham ocorrido, a AMBEC seria vítima, assim como seus associados, devido a possíveis erros no processo de filiação. A CNN buscou contato com as defesas de Mauricio Camisotti e da Prevident, sem resposta até o momento.
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