Bolsonaristas priorizam Nikolas Ferreira e geram insatisfação entre aliados de Eduardo Bolsonaro

Nikolas Ferreira, que ascendeu com apoio do próprio Eduardo, tem se destacado como uma nova liderança no bolsonarismo
Por: Brado Jornal 10.jun.2025 às 07h24
Bolsonaristas priorizam Nikolas Ferreira e geram insatisfação entre aliados de Eduardo Bolsonaro
Foto: Reprodução

Parlamentares e lideranças do PL (Partido Liberal) ligados ao bolsonarismo têm causado desconforto entre aliados de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao intensificar interações nas redes sociais com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), enquanto o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta um autoexílio nos Estados Unidos. A mudança de foco tem gerado críticas de apoiadores de Eduardo, que esperavam maior defesa de suas ações no exterior.

Tensões no núcleo bolsonarista

Nos bastidores, a ausência de menções a Eduardo em perfis de figuras como Rafael Sotiê, presidente do PL do Rio de Janeiro, Ana Campagnolo, líder do PL Mulher de Santa Catarina, o deputado André Fernandes (PL-CE) e o vereador Leonardo Dias (PL-AL) tem irritado o entorno do deputado. Esses políticos, que no passado se beneficiaram do apoio de Eduardo em suas campanhas, agora compartilham postagens e pautas alinhadas com Nikolas, conhecido por sua forte presença digital, com quase 18 milhões de seguidores no Instagram e 8 milhões no TikTok.

A insatisfação ganhou força durante o congresso de comunicação do PL em Fortaleza, onde Rafael Sotiê, ao atuar como mestre de cerimônias, mencionou Eduardo, mas destacou que “a distância física faz diferença” na articulação política. “Eduardo é uma referência para nossa geração, mas sua ausência cria um distanciamento natural”, declarou Sotiê, reforçando a necessidade de fortalecer a base conservadora sem divisões internas.

Autoexílio e articulações de Eduardo

Enquanto isso, Eduardo, que está fora do Brasil, busca pressionar o governo de Donald Trump a impor sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro. A iniciativa, porém, foi criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que classificou a ação como “prática terrorista”. Eduardo, que já manifestou interesse em disputar o Senado por São Paulo e até a Presidência em 2030, tornou-se alvo de um inquérito também conduzido por Moraes.

A decisão de Eduardo de deixar o país sem consultar a cúpula do PL gerou descontentamento no partido. Dirigentes, incluindo o presidente Valdemar Costa Neto, têm discutido alternativas para a corrida presidencial, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, enquanto avaliam que a ausência de Eduardo enfraquece a defesa de Jair Bolsonaro no Congresso.

Ascensão de Nikolas e atritos no movimento

Nikolas Ferreira, que ascendeu com apoio do próprio Eduardo, tem se destacado como uma nova liderança no bolsonarismo, especialmente após se aproximar do influenciador Pablo Marçal (PRTB) nas eleições municipais de São Paulo, contrariando a preferência de Jair Bolsonaro por Ricardo Nunes (MDB). Outro episódio de tensão ocorreu em janeiro, quando Nikolas publicou “Fora, Lula” ao tratar de uma manifestação no Rio de Janeiro em apoio à anistia dos presos do 8 de Janeiro. Bolsonaro desautorizou o gesto em vídeo, sem citar o deputado, mas Nikolas foi convidado a discursar em um ato posterior em São Paulo, já com Eduardo no exterior.

Disputa por influência

A ascensão de Nikolas tem incomodado o núcleo duro do bolsonarismo, que vê no mineiro uma ameaça ao espaço antes ocupado por Eduardo. Aliados de Lula também monitoram os vídeos de Nikolas, temendo o impacto de suas críticas em medidas impopulares, como o recente aumento do IOF. Em conversas privadas, Eduardo foi orientado a dialogar diretamente com os parlamentares que reduziram menções a ele, mas ainda não tomou medidas.

Apesar das tensões, Sotiê defendeu a unidade do movimento: “Não há time Eduardo ou time Nikolas. Somos todos time Bolsonaro”. Ele destacou a importância de eventos como o encontro da juventude do PL no Rio, em maio, para mobilizar novos líderes conservadores. A ausência de respostas de Nikolas, Ana Campagnolo, André Fernandes e Leonardo Dias à imprensa reforça a delicadeza do momento para o bolsonarismo, que enfrenta desafios internos enquanto busca manter relevância política.




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