Um caminhão adquirido com recursos da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) está abandonado há sete anos no terreno do Forte de Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador. O veículo, comprado por um agente cultural por meio de um edital do Fundo de Cultura, foi deixado no local após a rescisão do projeto em 2018 e, desde então, não recebeu nova destinação, tornando-se um símbolo de descaso com o patrimônio público.
Projeto frustrado e abandono
O caminhão, um Ford Cargo adaptado para funcionar como palco móvel, seria utilizado em apresentações musicais no interior da Bahia. No entanto, o responsável pelo projeto, cuja identidade não foi revelada, abandonou a iniciativa e devolveu o veículo à Secult-BA. Segundo relatos, o caminhão foi levado ao Forte de Santo Antônio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1981, enquanto se aguardava a regularização documental. Sete anos depois, o veículo permanece no local, deteriorando-se.
Condições precárias e denúncias
Imagens recentes mostram o caminhão sendo tomado pela vegetação, com peças removidas e sinais de depredação. Funcionários do Forte denunciam o risco de o veículo se tornar foco de dengue devido ao acúmulo de água. Uma fonte anônima revelou que fiscalizações constataram o uso indevido do caminhão, o que levou à sua devolução. “Decidiram deixá-lo no Forte, mas até hoje não resolveram a situação. É um desperdício de dinheiro público”, lamentou.
Burocracia impede solução
Em nota, a Secult-BA confirmou que o caminhão foi entregue após a rescisão do termo de compromisso pelo agente cultural. Contudo, a pasta alega que a ausência de documentos necessários impede a transferência da titularidade, mantendo o veículo fora de sua responsabilidade oficial. Técnicos acompanham o caso, mas não há previsão para a regularização ou descarte do bem, avaliado em cerca de R$ 250 mil em 2018, segundo sites de compra e venda.
História e descaso no Forte
O Forte de Santo Antônio, construído no século 18 para proteger Salvador de invasões, também guarda marcas de abandono. Após servir como prisão política durante a ditadura militar, foi revitalizado em 2006 como Forte da Capoeira, um centro cultural. Contudo, funcionários apontam a falta de investimentos da Secult-BA para dinamizar o espaço, que hoje abriga o caminhão esquecido, contrastando com sua relevância histórica e cultural.
O caso expõe falhas na gestão de recursos públicos e reacende debates sobre a preservação do patrimônio cultural baiano, enquanto o “elefante” – ou melhor, o caminhão – segue ignorado no coração de Salvador.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...