Em carta enviada à 33ª Marcha para Jesus, realizada em São Paulo nesta quinta-feira, 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou sua emoção como cristão e elogiou a celebração evangélica, que reuniu multidões rumo ao Campo de Marte. Apesar de não ter agenda oficial no feriado, Lula justificou sua ausência na capital paulista por “compromissos de governo”, delegando sua representação ao ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União.
Dirigida ao apóstolo Estevam Hernandes e à bispa Sônia Hernandes, líderes da Igreja Renascer e fundadores da marcha, a mensagem presidencial enaltece o evento como um “ato extraordinário de fé coletiva” que promove um Brasil “mais humano, justo e solidário”. Lula reforçou seu compromisso com a liberdade religiosa e o diálogo inter-religioso, destacando a pluralidade como riqueza da democracia brasileira. A carta também menciona a sanção, em 2009, da lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus, assinada pelo próprio petista.
A declaração ocorre em um contexto de tentativa de reaproximação com evangélicos, que nos últimos anos se alinharam mais ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A marcha, que contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), opositor do governo federal, cantando e exibindo uma bandeira de Israel, reforça o desafio político de Lula com esse público.
Crítica: A mensagem de Lula soa como um esforço genuíno, mas sua ausência física na marcha, mesmo sem agenda oficial, enfraquece o gesto. A justificativa vaga de “compromissos de governo” soa pouco convincente, e a carta, embora bem redigida, não escapa da percepção de ser mais um movimento estratégico do que uma conexão autêntica com os evangélicos.
Leia a íntegra da carta de Lula
Aos Ilustríssimos
Apóstolo Estevam Hernandes e Bispa Sônia,
Recebam minhas mais cordiais saudações.
É com grande alegria que me dirijo a todo o povo por ocasião da 33ª edição da Marcha para Jesus, número simbólico que remete à plenitude da missão de Cristo. Trata-se de uma celebração que já faz parte do coração do povo brasileiro e que, ano após ano, mostra a força transformadora da fé cristã em nosso país.
Quero parabenizá-los, Apóstolo Estevam e Bispa Sônia, pela liderança firme e generosa à frente desse grande movimento de esperança.
A Marcha para Jesus é muito mais do que um evento, é um ato extraordinário de fé coletiva, uma caminhada de oração, de louvor e de compromisso com um Brasil mais humano, mais justo e mais solidário.
Vocês têm sido, ao longo desses anos, verdadeiros pastores do seu povo. Um casal que, com coragem e espírito de serviço, cumpre aquilo que está escrito no livro do profeta Ezequiel:
“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar” (Ez 34:15).
Essa promessa se realiza todos os dias na sua missão de acolher, orientar e cuidar dos que mais precisam.
Ver o tamanho que essa celebração ganhou ao longo dos anos, me faz lembrar de Davi, no propósito de unir o seu povo e colocar a adoração a Deus no centro da vida pessoal e da nação.
Assim como Davi, a Marcha para Jesus tem cumprido esse mesmo papel: unir corações em torno da fé, fortalecer o espírito de comunidade, e mostrar que o louvor a Deus é caminho de reconstrução, não só espiritual, mas também social.
A cada passo dessa Marcha, ecoa uma mensagem forte: que o Brasil tem um povo generoso, de fé, que ora, que ama, que sonha.
Um povo de fé, que não desiste. E é essa fé extraordinária que inspira todos os dias o nosso governo na missão de reconstruir o Brasil, colocando as famílias brasileiras no centro das nossas decisões e cuidando de quem mais precisa.
Como cristão, me emociono com a alegria que brota da fé do nosso povo. E como Presidente da República, reafirmo, em cada gesto de governo, meu compromisso com a liberdade religiosa e com o respeito à diversidade de crenças, porque a pluralidade religiosa é uma das maiores riquezas da nossa democracia.
Nosso governo tem promovido o diálogo inter-religioso, respeitado as diferentes crenças, e valorizado o papel das igrejas na construção de um Brasil mais justo e solidário.
Desde que sancionei, com muito orgulho, a lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, vejo com esperança como essa celebração cresceu e se tornou um símbolo de unidade, paz e compromisso com os valores cristãos: a compaixão, a misericórdia, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.
Infelizmente, compromissos de governo me impedem de estar presente fisicamente nesta edição. Mas, pedi ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que represente a mim e ao nosso governo.
Ele leva consigo o meu abraço fraterno e a certeza de que seguimos juntos, trabalhando com fé e coragem para fazer o que de melhor sabemos fazer: cuidar do povo brasileiro.
Desejo a todos uma Marcha abençoada, guiada pelo Espírito Santo, e que siga levando a luz da fé por todo o país, inspirando cada brasileiro e cada brasileira a crer num Brasil mais justo, menos desigual e mais democrático.
Com respeito,
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
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