O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a prorrogação do prazo para a aplicação de novas tarifas sobre produtos brasileiros, adiando a medida de 1º de agosto para 6 de agosto. O decreto, formalizado nesta quarta-feira (30), também divulgou uma lista com cerca de 700 itens que ficarão isentos da alíquota de 50%, permanecendo sujeitos à taxa de 10% já em vigor desde abril. A decisão foi publicada 35 horas antes do início originally previsto para o chamado “tarifaço”.
Entre os produtos beneficiados pela isenção da tarifa de 50% estão itens cruciais para as exportações brasileiras e para empresas americanas, como derivados de petróleo, gás natural, carvão, ferro, aço, alumínio, cobre, celulose, suco e polpa de laranja, fertilizantes, além de aviões civis e seus componentes. No entanto, produtos de grande relevância para o Brasil, como café e carne bovina, não foram incluídos na lista de isenções e continuarão sujeitos à nova tarifa.
O decreto presidencial esclarece que mercadorias embarcadas até 6 de agosto, ainda em trânsito, não serão afetadas pela nova alíquota, mesmo que cheguem aos EUA após essa data. A medida soma uma tarifa adicional de 40% à alíquota de 10% já existente, totalizando os 50% anunciados anteriormente.
Trump justificou a decisão com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, utilizada em abril para impor sobretaxas às importações de diversos países, incluindo o Brasil. Ele também associou o tarifaço a questões políticas, mencionando a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O presidente americano criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, acusando autoridades brasileiras de tentarem impor censura a plataformas digitais americanas. No passado, Moraes determinou o bloqueio de contas em redes sociais que incitavam ataques às instituições democráticas.
Reação do Brasil frente às pressões americanas
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que participava de uma conferência da ONU em Nova York, reuniu-se em Washington com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para tratar da questão tarifária. Vieira foi enfático ao defender a soberania brasileira: “Enfatizei que é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do poder judiciário do Brasil, inclusive a condução do processo judicial no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro. Afirmei que o poder judiciário é independente no Brasil tanto como aqui e que não se curvará pressões externas”.
A estratégia de Trump segue um padrão recorrente em sua política comercial: anunciar tarifas elevadas, fixar prazos, ameaçar medidas adicionais e, próximo à data limite, conceder prorrogações e exceções. A prorrogação de cinco dias e a lista de isenções foram vistas como uma tentativa de aliviar tensões com o Brasil, mas a exclusão de produtos como café e carne bovina mantém a preocupação entre exportadores brasileiros.
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