A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada pelo ministro Flávio Dino na segunda-feira, 18 de agosto de 2025, desencadeou uma forte reação no mercado financeiro brasileiro, resultando em uma queda abrupta nas ações dos principais bancos do país. Em apenas um dia, na terça-feira, 19 de agosto, as instituições financeiras perderam R$ 41,9 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento da consultoria Elos Ayata. A medida de Dino, que limitou a aplicação automática de leis estrangeiras no Brasil, gerou temores entre investidores sobre possíveis conflitos envolvendo a Lei Magnitsky, sancionada pelos Estados Unidos contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Os bancos analisados Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e BTG Pactual iniciaram a semana com um valor de mercado conjunto de R$ 995 bilhões, mas encerraram o dia 19 valendo R$ 953 bilhões. Embora essa perda seja considerada "eterea", pois não representa uma saída imediata de recursos do caixa, ela reflete uma crise de confiança no setor financeiro, algo que não se via desde os tempos pós-Plano Real, quando bancos estaduais enfrentaram colapsos devido à falta de confiança dos investidores.
A chamada "Crise Magnitsky" coloca as instituições financeiras em uma situação delicada: cumprir as sanções impostas pelos Estados Unidos, que incluíram Moraes na lista da Lei Magnitsky por ordem do presidente Donald Trump, ou respeitar a legislação brasileira, sob o risco de punições do STF. A Lei Magnitsky, conhecida por sua severidade, proíbe operações em dólar com indivíduos sancionados, uma medida crítica para bancos que operam globalmente, já que o dólar é a moeda de referência internacional.
Essa tensão reflete diretamente no desempenho da bolsa brasileira. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 2,1% na terça-feira, fechando em 134.432 pontos, após ter alcançado recentemente 141 mil pontos. A perspectiva de atingir a marca histórica de 150 mil pontos parece cada vez mais distante, enquanto o mercado avalia os desdobramentos dessa crise. Segundo analistas, o que começou como uma questão de tarifas de exportação pode agora impactar diretamente os ativos financeiros, ampliando a incerteza no setor.
"Os bancos terão de cumprir a lei, sobretudo no que diz respeito a outro ministro do STF, Alexandre de Moraes, caso não queiram enfrentar sanções envolvendo o que fazem todo dia: operar em dólar", destaca a análise da consultoria Elos Ayata. A decisão de Dino, embora vinculada a um processo sobre as tragédias de Mariana e Brumadinho, abre espaço para que Moraes recorra ao STF contra as sanções americanas, intensificando o embate entre soberania nacional e pressões internacionais.
Essa crise, batizada de Magnitsky, remete a um cenário de insegurança jurídica que os CEOs dos principais bancos agora enfrentam. A necessidade de equilibrar conformidade com as exigências americanas e as determinações do STF coloca o setor financeiro em uma encruzilhada, com impactos que podem se estender além da bolsa, afetando a confiança de investidores e a estabilidade econômica do país.
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