Tarcísio enfrenta dificuldades na Alesp enquanto defende Bolsonaro em Brasília

Atraso na aprovação de conselheiro do TCE reflete tensões com deputados estaduais
Por: Brado Jornal 05.set.2025 às 08h36
Tarcísio enfrenta dificuldades na Alesp enquanto defende Bolsonaro em Brasília
Eduardo Knapp- Folhapress
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfrenta um momento delicado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), onde sua base aliada demonstra insatisfação, resultando no adiamento da aprovação de Wagner Rosário, seu indicado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP). Ao mesmo tempo, Tarcísio intensifica esforços em Brasília para articular a aprovação de uma proposta de anistia em favor de Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político, em meio ao julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).

A indicação de Rosário, ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) no governo Bolsonaro e atual controlador-geral de São Paulo, gerou resistência na Alesp, especialmente entre deputados do PT e do PSOL. Eles questionam a participação de Rosário em uma reunião ministerial de julho de 2022, na qual Bolsonaro teria orientado aliados a desacreditar as urnas eletrônicas, alimentando a narrativa de uma suposta trama golpista, atualmente sob investigação no STF. Durante a sabatina na Alesp, Rosário foi confrontado por esses episódios. Ele defendeu que sua intenção era “aprimorar a integridade do sistema de votação” e sugerir melhorias para as urnas, mas evitou responder diretamente se confia nos equipamentos eletrônicos. Além disso, enfrentou críticas por não ter identificado um esquema bilionário de manipulação de créditos de ICMS em São Paulo. “Nesse momento, um ex-capitão está sendo julgado no Supremo hoje, mas um outro está sendo premiado aqui na Assembleia. Curiosos esses dois destinos”, afirmou o deputado Antonio Donato (PT) durante a sessão.

A votação para confirmar Rosário como conselheiro do TCE-SP, que exige maioria simples de 48 dos 94 deputados, foi adiada por dois dias consecutivos devido a manobras da oposição. Deputados do PT e do PSOL esgotaram o tempo das sessões com cinco pedidos de adiamento e discursos prolongados, conforme permite o regimento interno, que limita as sessões a duas horas e meia. A estratégia reflete não apenas a resistência ao nome de Rosário, mas também a insatisfação com a articulação política do governo Tarcísio. “As emendas não foram pagas, pessoal não está muito afim”, relatou um deputado aliado, destacando a desmotivação de parte da base governista devido a atrasos no repasse de emendas parlamentares.

Enquanto enfrenta esses entraves em São Paulo, Tarcísio tem se dedicado a articulações em Brasília para viabilizar a anistia a Bolsonaro, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Na terça-feira (2), o governador viajou à capital federal para dialogar com parlamentares sobre a proposta, que ganhou força com o apoio de lideranças do PL e do pastor Silas Malafaia. A movimentação ocorre em um momento em que aliados do ex-presidente buscam reverter uma possível condenação no STF. Tarcísio, que inicialmente planejava manter discrição durante o julgamento, mudou de postura após críticas de bolsonaristas, que o acusavam de omissão. “Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se foder e se aquecendo para 2026”, escreveu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em mensagens divulgadas pela Polícia Federal.

A presença de Tarcísio em Brasília, incluindo um jantar com Malafaia e a confirmação de sua participação em um ato pró-anistia na avenida Paulista no dia 7 de setembro, sinaliza uma reaproximação com o núcleo bolsonarista. A estratégia é vista como uma tentativa de consolidar apoio político para 2026, quando o governador é cotado como possível candidato à Presidência, apesar de oficialmente afirmar que buscará a reeleição em São Paulo. Aliados destacam que sua articulação pela anistia pode fortalecer sua posição entre o centrão e a direita, mas também gera desgaste com deputados estaduais em São Paulo, que cobram maior atenção às demandas locais, como liberação de emendas e cargos.

No histórico de indicações ao TCE-SP durante a gestão Tarcísio, as duas nomeações anteriores – Marco Bertaiolli, em setembro de 2023, e Maxwell Borges, em dezembro de 2024 – foram aprovadas rapidamente, com 62 e 88 votos, respectivamente. A resistência atual a Rosário marca um momento de maior tensão na Alesp, onde a base aliada, apesar de majoritária, enfrenta desafios de articulação. A vaga no TCE é estratégica, com salário de R$ 44 mil, estabilidade até os 75 anos e a possibilidade de nomear até 33 assessores, o que reforça a disputa política pelo posto.

O governo Tarcísio enfrenta, assim, um cenário de dupla pressão: em São Paulo, precisa apaziguar deputados insatisfeitos para avançar sua agenda legislativa; em Brasília, busca consolidar sua liderança na direita, equilibrando lealdade a Bolsonaro e ambições políticas futuras. A habilidade do governador em navegar essas frentes será crucial para manter sua influência tanto no cenário estadual quanto no nacional.


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