Treze cidadãos brasileiros, que faziam parte de uma expedição marítima destinada a fornecer suprimentos essenciais à população de Gaza, foram transferidos nesta terça-feira (7) das celas israelenses para o território jordaniano. A ação encerra uma semana de apreensão, iniciada quando forças navais de Israel bloquearam as embarcações em alto-mar, impedindo a chegada de alimentos e medicamentos ao enclave palestino sob cerco.
De acordo com o comunicado emitido pelo Global Sumud Flotilha, organização por trás da iniciativa, os detidos entre eles a parlamentar Luizianne Lins (PT-CE) partiram da penitenciária de Ktzi'ot, situada no árido deserto do Neguev, rumo à travessia terrestre pela ponte Allenby, também conhecida como Rei Hussein. O trajeto a pé pela fronteira foi coordenado com o aval de autoridades israelenses, conforme "mensagem oficial" recebida pelo grupo.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por intermédio da Embaixada em Tel Aviv, negociou o processo de liberação, garantindo monitoramento contínuo até a fronteira. Diplomatas do Itamaraty estiveram no presídio por mais de oito horas na véspera, avaliando as condições dos ativistas. "Após negociações conduzidas pelo governo brasileiro, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, os 13 brasileiros que integravam a flotilha Global Sumud, entre eles a Deputada Federal Luizianne Lins (PT-CE), foram conduzidos até a fronteira com a Jordânia e libertados", informou o Itamaraty em nota oficial.
Na Jordânia, a recepção ficou a cargo da Embaixada brasileira em Amã, que organizou veículos para o traslado à capital e agendou exames médicos imediatos para todos os repatriados. “É estimado que nossos participantes cheguem à Jordânia por volta das 12h no horário local [5h, no horário de Brasília]. A Embaixada brasileira em Amã já está preparada para recebê-los e prestar todo o auxílio necessário, incluindo uma consulta médica para avaliar o estado de saúde de cada um”, enfatizou o Global Sumud Flotilha em seu anúncio.
A chegada ao país vizinho ocorreu por volta das 6h (horário de Brasília), conforme relatos preliminares do governo jordaniano, que facilitou a passagem e ofereceu suporte logístico aos deportados. O Brasil classificou a interceptação inicial como "ilegal e arbitrária", enquanto o governo de Benjamin Netanyahu justificou a medida como necessária para manter o bloqueio marítimo, terrestre e aéreo imposto à Faixa de Gaza.
A expedição, batizada de Global Sumud Flotilha cujo nome evoca "resiliência" em árabe, zarpou de Barcelona no início de setembro, com cerca de 40 embarcações carregadas de donativos. Após um mês de navegação, o comboio foi detido no começo de outubro, resultando na prisão de centenas de participantes internacionais. Até o momento, Israel já liberou 471 ativistas no total, incluindo argentinos, colombianos, sul-africanos e neozelandeses, todos direcionados à Jordânia como ponto de saída.
Entre os brasileiros afetados, destacam-se relatos de privações durante a custódia: Thiago Ávila, Ariadne Telles, João Aguiar e Bruno Gilca, por exemplo, passaram dias sem acesso a remédios ou cuidados médicos básicos, conforme denunciado pelo grupo organizador. Quatro deles chegaram a iniciar uma greve de fome em protesto contra as condições impostas.
O episódio não só simboliza o fracasso da missão humanitária, mas também reforça as críticas ao cerco israelense, descrito pelos ativistas como ferramenta de "controle" que agrava a fome e o sofrimento em Gaza. "A libertação dos brasileiros tem valor simbólico", argumentou o Global Sumud Flotilha, ao mesmo tempo em que repudiou o que chamou de "genocídio e limpeza étnica" contra os palestinos. A entidade prometeu prosseguir com denúncias globais e novas tentativas de romper o bloqueio, enquanto os repatriados planejam seu retorno ao Brasil, ainda sem cronograma definido.
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