No âmbito das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal (STF) concentra atenções no julgamento do quarto núcleo, conhecido como grupo de desinformação. Previsão indica que o ministro Luiz Fux, integrante da Primeira Turma, manifeste-se nesta terça-feira, dia 21, favorável à inocência dos sete envolvidos nesse segmento. Essa posição ecoa os argumentos que ele utilizou no mês anterior para isentar seis dos oito acusados do núcleo central, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, iniciou a análise na semana passada, apresentando fundamentos para condenação. A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que os réus compuseram uma estrutura dedicada a espalhar narrativas falsas, com o objetivo de questionar a lisura das eleições de 2022 e incentivar ações contra figuras públicas e órgãos estatais. Em contrapartida, as defesas argumentam pela insuficiência de evidências concretas de participação ativa, destacando que as condutas foram estritamente profissionais e baseadas em interpretações isoladas ou suposições infundadas.
Os acusados nesse núcleo incluem militares na reserva e um agente da Polícia Federal: o major Ailton Gonçalves Moraes Barros, o major Ângelo Martins Denicoli, o subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha.
Fux, que já expôs suas linhas de raciocínio aos demais colegas da Turma em sessão anterior, tende a encurtar sua exposição no debate atual. Enquanto dedicou cerca de 12 horas ao voto do núcleo principal em setembro ocasião em que defendeu a condenação exclusiva de dois réus, o ex-ministro Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, mas apenas por um dos crimes imputados, a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, a expectativa é de que ele conclua em aproximadamente duas horas amanhã.
A avaliação das evidências ocorrerá sob a ótica dos princípios adotados por Fux no julgamento inicial. Entre os elementos centrais a serem reafirmados está a impossibilidade de punição baseada unicamente em discussões preliminares sobre atos ilícitos, sem demonstração de execução efetiva. Ademais, espera-se que a Primeira Turma discuta a validade de conversas em aplicativos como o WhatsApp de caráter reservado como base para eventuais sentenças.
Após o voto de Moraes, que definirá pela condenação ou não e, se for o caso, estabelecerá as sanções, virão as manifestações de Cristiano Zanin, seguido de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, que preside o colegiado. No núcleo crucial, Dino, Cármen e Zanin alinharam-se totalmente ao relator, resultando em condenações por cinco delitos, com penas variando de dois anos para Mauro Cid beneficiado por delação premiada a 27 anos e três meses para Bolsonaro.
Essa divergência de Fux, que também respaldou preliminares das defesas capazes de invalidar partes do processo, reforça o debate sobre a robustez das provas na trama investigada. No voto proferido em setembro, que se estendeu por mais de 11 horas, o ministro enfatizou que não se pode equiparar mera cogitação a consumação de crimes, especialmente no contexto de uma tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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