As recentes sanções impostas pelos Estados Unidos às duas maiores empresas petrolíferas da Rússia foram classificadas pelo ex-presidente russo Dmitry Medvedev como um “ato de guerra” contra seu país. Em declaração publicada no Telegram nesta quinta-feira, 23 de outubro de 2025, Medvedev, que atualmente ocupa o cargo de vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que as medidas do presidente americano Donald Trump evidenciam que os EUA são adversários claros de Moscou. “Os Estados Unidos são nossos adversários, e seu 'pacificador' tagarela agora embarcou totalmente em pé de guerra com a Rússia”, escreveu.
As sanções, anunciadas pelo Tesouro dos EUA na quarta-feira, 22 de outubro, visam pressionar o governo de Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo imediato na guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. O conflito, que já dura mais de três anos, teve início após a entrada de tropas russas no país vizinho, seguindo anos de confrontos no leste da Ucrânia entre separatistas apoiados por Moscou e forças ucranianas. As medidas americanas também coincidem com o cancelamento, por parte de Trump, de uma cúpula planejada com Putin. “Não pareceu certo para mim”, justificou o presidente americano.
Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, que seu governo considera uma “guerra por procuração” entre os EUA e a Rússia. No entanto, ele expressou frustração com Putin, a quem já chamou de líder de um “tigre de papel”. As sanções ao setor petrolífero russo, um dos pilares da economia do país, foram elogiadas por líderes europeus, que veem a medida como um passo para pressionar Moscou. Por outro lado, a Ucrânia e aliados europeus manifestam ceticismo sobre as intenções de paz de Putin, alertando que a Rússia poderia, no futuro, representar uma ameaça a membros da Otan alegação que Moscou rejeita como “absurda”.
Medvedev, conhecido por suas declarações provocadoras, já havia sido alvo de críticas de Trump. Em agosto, o presidente americano revelou ter ordenado que dois submarinos nucleares se aproximassem da Rússia em resposta a comentários de Medvedev sobre o risco de escalada militar. O ex-líder russo, por sua vez, intensificou o tom, afirmando que as ações de Trump permitem que Moscou ataque a Ucrânia com “uma ampla variedade de armas, sem considerar negociações desnecessárias”. Ele também criticou o que chamou de “Europa maluca” por apoiar as sanções.
O Kremlin, por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, reiterou que os objetivos da Rússia na Ucrânia permanecem os mesmos desde 2022: garantir que o país vizinho seja neutro, desmilitarizado e respeite os direitos dos falantes de russo e fiéis ortodoxos. “Precisamos de uma configuração de soluções negociadas que eliminem as causas profundas do conflito e garantam uma paz confiável no contexto da construção de um sistema eurasiano e global mais amplo de segurança indivisível”, afirmou Zakharova. Ela classificou as sanções como “extremamente contraproducentes” e alertou que, se a administração Trump seguir os padrões de governos anteriores, “fracassará”.
Apesar de Putin, no poder desde 1999, ser a principal autoridade na política russa, as declarações de Medvedev refletem uma postura linha-dura dentro da elite do país. A tensão crescente com os EUA e a Europa, somada à continuidade do conflito na Ucrânia, sugere que as negociações para um cessar-fogo permanecem distantes, enquanto as sanções intensificam o embate econômico e político entre as potências.
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